quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A vida real que segue.


Por Adm Jefferson Santos CRA 10.106/PE

A vida dos novos integrantes de uma empresa não deve ser fácil. Vindo de uma área acadêmica ou técnica, o novo colaborador foi preparado por professores com muitas aulas expositivas, mas pouquíssimas delas práticas onde leitura de artigos, monólogos do professor e pouca interatividade são comuns, quando não quase prevalentes.

A realidade organizacional brasileira com a qual se ele se deparará pouco tem a ver com os livros das bibliografias obrigatórios ou sugeridas. Tais obras, via de regra, são de autores americanos e, pouquíssimos, europeus. A questão reside na profunda diferença de condições de mercado e de infraestrutura, social e de produção, com as quais os autores estrangeiros se debruçaram para observar, refletir e compor sua obra. Uma coisa é avaliar e escrever a partir da economia americana e outra, quase diametralmente oposta, aplicar tais conceitos nas atividades gerenciais do mercado brasileiro.

Assim, os desafios reais que o jovem se depara aportam uma esmagadora carga tributária que reduz, substancialmente, a capacidade de investimentos seja da empresa ou de fornecedores e parceiros. Um altíssimo custo da mão-de-obra empregada com constantes problemas de ordem trabalhista e previdenciária que, da mesma forma, esvaem recursos, por vezes até de forma inesperada, da empresa obrigando a alta direção a malabarismos intempestivos frutos de uma economia irregular que surpreende empresários e cidadãos a cada dia.

Outro ponto importante neste cenário real que o colaborador e empresa se deparam é a péssima qualidade da infraestrutura de produção: estradas quase intransitáveis, irregularidade e carestia no fornecimento de energia elétrica e de meios de telecomunicações, graves problemas de mobilidade urbana e saneamento público e de limpeza urbana que se avultam a cada dia de chuva intensa e uma forte presença sindical. Todos incorrem em despesas invisíveis para as empresas cuja aplicação nos custos básicos se torna imprudente, posto que o cliente trocará o produto ou serviço dessa empresa sobrecarregada por outro fornecido por empresas que tenham bem mais competitividade por lhe ser possível em economia de escala.

Essa é nossa realidade nacional nua e crua. Sobre ela é que o novo colaborador deverá aplicar suas competências. E por falar em competências seguirei o senso comum corporativo: CHA = Conhecimento; Habilidades e Atitudes. Essa pequena fórmula conceitual servirá para acomodar minhas impressões acerca de desempenhos futuros em tempos desconfortáveis.

O elenco de informações adquiridas, avaliadas e sobre elas refletidas encontra a sedimentação que forma o Conhecimento por intermédio de vivência prática. Assim, o conteúdo apreendido nos bancos escolares precisa ser aplicado na vida prática onde o colaborador tem a oportunidade de acertar e de errar, o erro com honestidade de propósitos, em franca tentativa de acertar. 

Decorre daí o impacto das diferenças entre o que se aprende da literatura estrangeira com o que nos deparamos com nossa muito peculiar idiossincrasia que faz com que muitos conceitos, entre nós, sejam relativizados. O primeiro deles seria o Compromisso: com horários, com a qualidade do serviço ou produto final apresentado e, sobretudo em nosso caso, com o pós-venda.

Ainda na perspectiva do compromisso, o colaborador perceberá que não está sozinho no universo corporativo, suas atividades operacionais e administrativas dependem de outros, daí o compromisso ser um fator-chave para um bom desempenho.

Na consecução de suas atribuições o ente corporativo depende de fornecedores, de parceiros, do feedback de clientes e de setores internos da organização onde trabalha. Ou seja, para ele trabalhar com qualidade e produtividade ele depende de outras pessoas e outros fatores, tais como a limpeza do ambiente de trabalho, o fornecimento regular de energia elétrica, de telecomunicações, da qualidade do material e suprimento a ele disponibilizado, etc. Tudo isto é atribuição de outros que lhe vem antes na estrutura gerencial que chamaria de “precedentes”, pois eles lhe precedem, vem antes. E sem o compromisso de entrega na hora aprazada e com a qualidade requerida o trabalho do colaborador terá muito problema em atingir eficiência.

Falando em habilidades, a prática ressaltou-me as de interação intersetorial, de negociação, de visão ampla do contexto e, até em certo grau, a visão prospectiva.

Já sobre a habilidade de se prospectar o futuro ressalto a de discutir e negociar os acertos e, sobretudo, os erros. Enfim, as velhas e infalíveis “lições aprendidas”.

Quanto a atitude esta requer uma constante renovação de ânimo. Procurar descobrir, diariamente, novas formas de desempenhar suas atribuições de forma eficiente sabendo, contudo, que deverá depender de um elenco de pessoas e organizações sobre as quais não terá qualquer ascendência. 

Ao se deparar com tais situações busque sua criatividade, sua predisposição para a desenvolver a tentativa, o erro, nova tentativa enfim, até chegar aos acertos. Quanto mais aplicação e refinamento você empregar nesse processo mais eficiente será seu trabalho. O ganho em decorrência será um alto nível de produtividade e os líderes conscientes verão que suas conquistas se deram sob ambiente inóspito em recursos e, até, com rara boa vontade dos outros. Isso conta em seu favor. O famoso ditado “tirou leite de pedra” (quase que literalmente) lhe pertence.

Teremos, inevitavelmente, anos de restrições à frente. Serão ótimas oportunidades de se fazer a diferença em meio a dificuldades e óbices de toda sorte.

Minhas sugestões finais para ajudar o novato lograr êxito: Conhecimento profundo de suas atribuições, da missão e objetivos de sua organização, das atividades e missão dos setores internos e, sobretudo, do mercado no qual estão inseridos.

O conhecimento quanto mais profundo e abrangente for mais segurança dará no momento de ser avaliar, apresentar alternativas de ação e decidir. Desenvolva habilidades em visão contextual e, principalmente, negociação, pois ajudará, sobremaneira, não só a você como os demais colaboradores.

Boa sorte e Feliz Ano Novo.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Desafios gerenciais para 2016


Por Adm Jefferson Santos CRA 10.106/PE

O cenário econômico que atravessamos é delicado e perdurará por algum tempo. A recuperação econômica doméstica será lenta e as condições dos mercados externos exigirão um padrão elevado de competitividade de nossas empresas.

A Produtividade e a eficiência serão os mantras a se impregnarem na vida corporativa. Fazer muito e bem feito mediante pouca folga orçamentária será essencial.

Portanto, prudência, consistência e senso de oportunidade serão guias confiáveis para ajudar toda organização a atravessar, incólume, eventuais turbulências que se avizinham.

Essas novas condições organizacionais exigirão uma nova postura dos líderes empresariais e do elenco de lideranças a eles subordinados. Dessa forma o executivo, seja ele líder ou membro de equipes, deverá refinar seus portfólios de competências, tais como: 

Desenvolver uma visão contextual buscando entender as dinâmicas socioeconômicas, tanto nacionais como internacionais, e suas interferências no mercado;
Ter condições de avaliar, de se antecipar e de perceber como tais interferências impactam os negócios no segmento econômico no qual sua organização, parceiros, fornecedores e clientes estão inseridos; 
Entender, identificar e diferenciar quais são as restrições conjunturais e estruturais que afetam, diretamente, os setores de sua organização e considerá-las na elaboração e na proposição dos planos de ação que permitam, na sua realização, aumentos de produtividade e eficiência com, se possível, baixos custos; 
Desenvolver uma visão sistêmica das atividades setoriais de sua organização de forma a considerar os distintos planos de ação de cada setor e interagir positivamente permitindo, também, que cada setor contribua no plano de ação da organização, como um todo; 
Desenvolver, e instituir, métricas de desempenho e fatores críticos de sucesso e disseminá-los entre os demais setores, parceiros e fornecedores; 
Usar amplamente os veículos de comunicação estimulando as redes sociais e fóruns para trocar informações e debater os eventos socioeconômicos na medida que surjam ou evoluam. É uma forma objetiva e acessível de inclusão e interação a todos na organização, permitindo a avaliação do potencial de interferência dos fatores socioeconômicos nas atividades de sua organização, dos parceiros e fornecedores; 
Por intermédio de diálogos constantes entre os setores e com a busca e coleta de informações de qualidade, procurar desenvolver uma visão prospectiva, ponderada e madura, acerca da evolução dos fatos e como eles poderão interferir na capacidade de desempenho de seu setor e dos demais, buscando, por intermédio de acordos e negociações, se antecipar com linhas de ação consistentes e que sejam bem aceitas pelos demais setores de sua organização.

A propósito do desenvolvimento de tais essenciais competências, os líderes principais deverão ter em foco o desenvolvimento de lideranças nos níveis mais baixos da organização estimulando, em todos, a capacidade de entender, interagir e, oportunamente, se antecipar às mudanças e alterações no cenário socioeconômico que, inevitavelmente, surgirão no processo de acomodação dos vários segmentos de nossa economia formal.

Convém procurar estimular o entendimento das variações de alguns fatores socioeconômicos mais próximos do dia a dia da empresa, bem como no do próprio colaborador como cidadão. São eles o saneamento público, a mobilidade urbana, o funcionamento regular dos sistemas de saúde pública, o provimento estável e de qualidade da energia elétrica, das telecomunicações, dos transportes intermunicipais e estaduais, neste particular, considerando as condições das estradas e demais modais de transporte, etc. 

Tais fatores geram significativos impactos ao longo de toda estrutura de gestão pública nas três esferas de atuação, tanto municipal, como estadual ou federal. Haverá impactos, sobretudo financeiros, que estão presentes em variações ou criações de novos tributos. 

Aliados ao desconforto de alagamentos, apagões, greves, etc, os lideres organizacionais deverão mitigar tais interferências nos planos de trabalho e projetos ao longo de toda estrutura interna da organização, fornecedores e parceiros.

De tal cenário decorre a importância de se preparar e conscientizar todo o elenco de colaboradores organizacionais para que se mantenham antenados àquelas mudanças e que, em conjunto, avaliem os eventuais impactos na produtividade e na eficiência dos produtos ou serviços oferecidos pela organização.

O sucesso na sua gestão somente ocorrerá se forem desenvolvidas tais competências de forma integrada e as atividades realizadas de forma integrada entre os setores envolvidos. Tudo com farta e constante comunicação entre os participantes.

Lembre-se que para ter êxito, com alta produtividade e eficiência, é fundamental que todos os demais atores da organização se desenvolvam em condições de igualdade para alcançar o merecido sucesso.

Ressalta-se, portanto, que para os próximos tempos será de fundamental importância nas organizações uma liderança formadora e integradora. 

Pense com carinho e considere uma mudança de postura e Feliz 2016.
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