terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Para 2016... "papo de cabine"!!


Bem, estamos às portas de 2016. A sociedade e o setor produtivo não conseguem entender o que está acontecendo com nossa economia. Haverá tempos de confusão, renitentes letargias e busca desesperada por faróis que iluminem um caminho, a exemplo da entrada em um cais cheio de pedras, com maré alta em baía de mar turbulento.

Quando me perguntam o que fazer respondo: Nada de novo! Apenas concentre-se no que você e sua empresa são bons e busque manter o padrão elevado de produtividade. Busque manter, muito antes de pensar em inovar. Procure avaliar como estão seus portfólios de competências organizacionais e laborais e busque se antecipar aos fenômenos que tenderão a degradar os níveis de produtividade conquistados, até então, a duras penas.

O que já sabemos? Governo sem dinheiro e no limite da arrecadação de contribuintes físicos e jurídicos. Então...Toma-lhe impostos, novos tributos, tarifas, multas, etc, etc. São 5 565 cidades sem repasses federais sobre o que recolheram ao longo do ano, com Lei de Responsabilidade Fiscal lhes estrangulando e tentando sobreviver com o pouquíssimo que sobra do orçamento público que não seja vinculado a uma "cláusula pétrea"...

Ah! Lá vem política!! Meu negócio é mercado, é vendas, é...Mas no Brasil dos últimos vinte anos existe mercado sem a pesada mão do Estado Leviatã? Estado Totalitário?!?! E a tomada de três pinos? De onde saiu? E a eliminação da obrigatoriedade de extintores de incêndio veiculares? E os aumentos de regras e critérios de certificações ambientais? De bombeiros? De INSS? De inclusão de deficientes? De diversidade de gênero?

É!! Isso é Estado Leviatã!! Isso custa muito dinheiro para as empresas.

E se sobreviver a isso tudo? Será que ainda dá para inovar? Será?! Para quem comprar? Com que dinheiro sobrando? Se é inovação pressupõe escolha. Se há escolha tem que se ter poder aquisitivo para se comprar além do mínimo da manutenção. Será que o cliente está com dinheiro sobrando para isso? Será?

E seus fornecedores? Já comprometidos com contratos e planos de ação anteriores? Terão dinheiro sobrando para bancar insumos para sua "inovação"?

Ah! Mas se eu não inovar meus competidores irão me engolir! Vão me ultrapassar, vou perder mercado!! Será?! De onde o cliente que era seu vai arrumar dinheiro para comprar o "dele"?! E os fornecedores "dele" que não tem folga na planilha de custos de produção irão arrumar folga e dinheiro para fornecer para "ele"  onde? Com quem? Para vender mais que você?! Será que, de fato, em um Brasil de Estado Leviatã, cheio de surpresas a cada fim de mês, alguém navega em "oceano azul" para tornar você um concorrente "irrelevante"? Esqueça!!

Ainda que seu concorrente consiga pertencer a um nicho "privilegiado", com benesses governamentais seletivas, ele precisará de um cliente com dinheiro. Ele terá, absolutamente, a mesmíssima carga tributária que você encara e a capacidade dele de reduzir custos para tornar você irrelevante em um Brasil como o nosso será muito remota. Talvez nos oceanos de Marte, nos mais de 7400 km de litoral brasileiro, até 2017, nem pensar.

Não se espantem, é esse diálogo que eu tenho. Tem que ser "candid", como diria o americano em uma economia onde você não vê o empresário falando do governo. Duvido! O Estado lá "desafoga e desintope" os caminhos das empresas. Aqui "só se fala do governo".

Gosto de ser franco. Não adianta, tampouco é justo dizer o que o cliente quer ouvir. Tem que dizer o "que ele precisa ouvir"!

Então, o que digo é: "Olhe para dentro de sua empresa!!". "Agora olhe para fora!!" "Consegue entender o que está acontecendo?!" Não?! Então busque ajuda, séria, competente e franca. Que, de fato, saiba e entenda o que está acontecendo. Cuidado com os novos paradigmas: "Inovar ou morrer!!"

Sou piloto, sobrevivi para escrever estas linhas após voar 16 tipos de aeronaves diferentes, pousando e decolando país a fora. O que me fez chegar até aqui? Pragmatismo. O mesmo pragmatismo do "check list". Uma coletânea de procedimentos com um conjunto de ações específicas para "cada situação distinta".

Piloto não inventa, pois no céu não tem acostamento. Decolou tem que pousar. Piloto segue o "check list". O "papo de cabine" é o "check list". Local e ocasião que, constantemente, avalia-se as condições climáticas, dos aeroportos, da aeronave e prosseguir o vôo sob mal tempo, tempestades e pousar com segurança.

O que faz um piloto viver para contar suas "estórias"?! São minhas sugestões para 2016: "Check list", diálogos, avaliações, papo de cabine, "Check list" e ação.

Você em 2016!


Papo reto!

Você tem que ser eficiente e apresentar produtividade satisfatória aos anseios de sua empresa. Busque elevar esses patamares, seu emprego dependerá, substancialmente, do que você produz na ponta do lápis.

Portanto eu sugiro dicas bem simples:

  •     Conheça bem a atividade que você irá executar;
  •     Conheça as dinâmicas operacionais e administrativas do setor onde você trabalha;
  •    Procure reconhecer o grau de dependência que seu setor tem em relação aos demais setores de sua empresa e prepare-se para compensar deficiências desses setores que lhe chegam para seu setor completar a parte que lhe é devida no projeto ou processo. Reclamar e solicitar conscientização tem pouca valia, a não ser retórica;
  •     Sempre realinhe suas atividades, contribua para o realinhamento das atividades de seu setor com os objetivos da organização. Lembre-se, TUDO tem um custo;
  •     Antes de ter uma grande sacada e querer ficar bem na foto da direção da empresa propondo ações de responsabilidade social só porque é modismo politicamente correto lembre-se: TUDO tem um custo!! Essas ações dão trabalho e custo para os outros setores. Se você não avaliou e não combinou "como os russos" e a direção aceitar suas ideias muito provavelmente você ficará bem na foto momentaneamente, mas logo logo sua produtividade irá ser detonada por setores que você, com sua idéia politicamente correta e inclusiva, acabou por dar mais trabalho. A lição que fica?!?! Todo setor tem seus planos de trabalho específicos, orçamento apertados e prazos exíguos. Pergunte "pros russos" se eles podem e lhes é conveniente, TAMBÉM, bancar sua grande sacada;
  •     Avalie seu grau de dependência de fatores econômicos tais como energia, transporte, saneamento, mobilidade urbana, telecomunicações etc etc. TODO setor, TODA organização depende deles para ser eficiente e ter alta produtividade;
  •     Neste particular procure se informar de eventos externos venham a prejudicar o acesso aos benefícios daqueles fatores. Pense nos apagões de energia, nos alagamentos, nas greves, etc. Antecipe-se e prepare-se para agir de forma a compensar as deficiências que os demais setores terão por dificuldades com aqueles fatores;
  •     Interaja, converse, reflita e negocie. Você não é o pequeno príncipe sentado olhando para uma rosa em um planeta deserto. Você depende dos demais setores e eles dependem da qualidade de seu trabalho;
  •     Discuta e registre suas dificuldades. Com esses registros procure se antecipar com os outros setores corrigindo ou aplicando alternativas que venham proporcionar eficiência. Isso evita retrabalhos e desperdícios dos parcos recursos, sobretudo financeiros e logísticos que, com absoluta certeza, sua organização enfrentará;


Ao longo de mais de quarenta anos de vivência organizacional essas foram as informações que colhi fruto de muitos insucessos e não muitos sucessos, afinal, estamos no Brasil que a cada dia nos surpreende.

Espero ter ajudado de alguma forma.
Boa sorte

Feliz 2016!!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Mudanças Organizacionais...quem me ajuda?!?!





O que houve com os consultores especializados em Mudanças Organizacionais?
Onde posso encontrá-los?
Para onde foram?
Em meados da década passada era uma verdadeira profusão, sobretudo no Linkedin, consultorias especializadas em Mudanças Organizacionais. A maioria francamente colocando no alvo a "insensibilidade" do líder para melhor preparar o colaborador para melhor "absorver" as mudanças (aliás, havia uma máxima de "vejo mudanças em todo o tempo, toda hora, em todo lugar!!" ) e, claro e inexoravelmente, preparar e conscientizar líderes e organizações a tornarem as mudanças mais "palatáveis" ou "deglutíveis" para os colaboradores.
Nosso Estado Leviatã, franco interventor na Economia não for, por si só, um grande motivo gerador de Mudanças...A tomada de três pinos é um clássico exemplo. Outro exemplo: Obrigatoriedade e critérios para uso de extintores veiculares e, não mais do que de repente, obrigatoriedade extinta... se não for outro bom exemplo...
Várias mudanças intempestivas em Leis, sejam de âmbito municipal, ou estadual, ou federal são também ótimos exemplos e seara para os "especialistas" em mudanças organizacionais melhor prepararem tanto colaboradores como líderes.
Legislações ambientais, legislações trabalhistas atendendo inclusão de deficientes físicos e diversidade sexual em ambiente de trabalho são, da mesma forma, profusas oportunidades para uma empresa ter o beneplácito dos conhecimentos agregados dos "especialistas" em mudanças organizacionais...Onde se encontram?!?!
Os dois próximos anos serão de severas restrições orçamentárias não só para empresas, como para fornecedores, parceiros e, sobretudo, no poder aquisitivo do cliente, o rei da equação mercadológica. Tudo isto em meio a Ajustes Ficais, Lei de Responsabilidade Fiscal, e uma séria profusa de condicionantes financeiros e limitarão, sobremaneira, a capacidade das organizações em investirem em melhores condições de trabalho e, manter um fluxo de caixa sem buscar financiamento público, e olhe lá!!
Agora, logo agora que empresas estão necessitando de um "farol' para guiá-las em tempos de restrição orçamentária que atinge os setores internos, fornecedores, parceiros e, principalmente, o poder aquisitivo do cliente brasileiro...
Onde é que foram parar os consultores de Mudanças Organizacionais?!?

 .

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A vida real que segue.


Por Adm Jefferson Santos CRA 10.106/PE

A vida dos novos integrantes de uma empresa não deve ser fácil. Vindo de uma área acadêmica ou técnica, o novo colaborador foi preparado por professores com muitas aulas expositivas, mas pouquíssimas delas práticas onde leitura de artigos, monólogos do professor e pouca interatividade são comuns, quando não quase prevalentes.

A realidade organizacional brasileira com a qual se ele se deparará pouco tem a ver com os livros das bibliografias obrigatórios ou sugeridas. Tais obras, via de regra, são de autores americanos e, pouquíssimos, europeus. A questão reside na profunda diferença de condições de mercado e de infraestrutura, social e de produção, com as quais os autores estrangeiros se debruçaram para observar, refletir e compor sua obra. Uma coisa é avaliar e escrever a partir da economia americana e outra, quase diametralmente oposta, aplicar tais conceitos nas atividades gerenciais do mercado brasileiro.

Assim, os desafios reais que o jovem se depara aportam uma esmagadora carga tributária que reduz, substancialmente, a capacidade de investimentos seja da empresa ou de fornecedores e parceiros. Um altíssimo custo da mão-de-obra empregada com constantes problemas de ordem trabalhista e previdenciária que, da mesma forma, esvaem recursos, por vezes até de forma inesperada, da empresa obrigando a alta direção a malabarismos intempestivos frutos de uma economia irregular que surpreende empresários e cidadãos a cada dia.

Outro ponto importante neste cenário real que o colaborador e empresa se deparam é a péssima qualidade da infraestrutura de produção: estradas quase intransitáveis, irregularidade e carestia no fornecimento de energia elétrica e de meios de telecomunicações, graves problemas de mobilidade urbana e saneamento público e de limpeza urbana que se avultam a cada dia de chuva intensa e uma forte presença sindical. Todos incorrem em despesas invisíveis para as empresas cuja aplicação nos custos básicos se torna imprudente, posto que o cliente trocará o produto ou serviço dessa empresa sobrecarregada por outro fornecido por empresas que tenham bem mais competitividade por lhe ser possível em economia de escala.

Essa é nossa realidade nacional nua e crua. Sobre ela é que o novo colaborador deverá aplicar suas competências. E por falar em competências seguirei o senso comum corporativo: CHA = Conhecimento; Habilidades e Atitudes. Essa pequena fórmula conceitual servirá para acomodar minhas impressões acerca de desempenhos futuros em tempos desconfortáveis.

O elenco de informações adquiridas, avaliadas e sobre elas refletidas encontra a sedimentação que forma o Conhecimento por intermédio de vivência prática. Assim, o conteúdo apreendido nos bancos escolares precisa ser aplicado na vida prática onde o colaborador tem a oportunidade de acertar e de errar, o erro com honestidade de propósitos, em franca tentativa de acertar. 

Decorre daí o impacto das diferenças entre o que se aprende da literatura estrangeira com o que nos deparamos com nossa muito peculiar idiossincrasia que faz com que muitos conceitos, entre nós, sejam relativizados. O primeiro deles seria o Compromisso: com horários, com a qualidade do serviço ou produto final apresentado e, sobretudo em nosso caso, com o pós-venda.

Ainda na perspectiva do compromisso, o colaborador perceberá que não está sozinho no universo corporativo, suas atividades operacionais e administrativas dependem de outros, daí o compromisso ser um fator-chave para um bom desempenho.

Na consecução de suas atribuições o ente corporativo depende de fornecedores, de parceiros, do feedback de clientes e de setores internos da organização onde trabalha. Ou seja, para ele trabalhar com qualidade e produtividade ele depende de outras pessoas e outros fatores, tais como a limpeza do ambiente de trabalho, o fornecimento regular de energia elétrica, de telecomunicações, da qualidade do material e suprimento a ele disponibilizado, etc. Tudo isto é atribuição de outros que lhe vem antes na estrutura gerencial que chamaria de “precedentes”, pois eles lhe precedem, vem antes. E sem o compromisso de entrega na hora aprazada e com a qualidade requerida o trabalho do colaborador terá muito problema em atingir eficiência.

Falando em habilidades, a prática ressaltou-me as de interação intersetorial, de negociação, de visão ampla do contexto e, até em certo grau, a visão prospectiva.

Já sobre a habilidade de se prospectar o futuro ressalto a de discutir e negociar os acertos e, sobretudo, os erros. Enfim, as velhas e infalíveis “lições aprendidas”.

Quanto a atitude esta requer uma constante renovação de ânimo. Procurar descobrir, diariamente, novas formas de desempenhar suas atribuições de forma eficiente sabendo, contudo, que deverá depender de um elenco de pessoas e organizações sobre as quais não terá qualquer ascendência. 

Ao se deparar com tais situações busque sua criatividade, sua predisposição para a desenvolver a tentativa, o erro, nova tentativa enfim, até chegar aos acertos. Quanto mais aplicação e refinamento você empregar nesse processo mais eficiente será seu trabalho. O ganho em decorrência será um alto nível de produtividade e os líderes conscientes verão que suas conquistas se deram sob ambiente inóspito em recursos e, até, com rara boa vontade dos outros. Isso conta em seu favor. O famoso ditado “tirou leite de pedra” (quase que literalmente) lhe pertence.

Teremos, inevitavelmente, anos de restrições à frente. Serão ótimas oportunidades de se fazer a diferença em meio a dificuldades e óbices de toda sorte.

Minhas sugestões finais para ajudar o novato lograr êxito: Conhecimento profundo de suas atribuições, da missão e objetivos de sua organização, das atividades e missão dos setores internos e, sobretudo, do mercado no qual estão inseridos.

O conhecimento quanto mais profundo e abrangente for mais segurança dará no momento de ser avaliar, apresentar alternativas de ação e decidir. Desenvolva habilidades em visão contextual e, principalmente, negociação, pois ajudará, sobremaneira, não só a você como os demais colaboradores.

Boa sorte e Feliz Ano Novo.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Desafios gerenciais para 2016


Por Adm Jefferson Santos CRA 10.106/PE

O cenário econômico que atravessamos é delicado e perdurará por algum tempo. A recuperação econômica doméstica será lenta e as condições dos mercados externos exigirão um padrão elevado de competitividade de nossas empresas.

A Produtividade e a eficiência serão os mantras a se impregnarem na vida corporativa. Fazer muito e bem feito mediante pouca folga orçamentária será essencial.

Portanto, prudência, consistência e senso de oportunidade serão guias confiáveis para ajudar toda organização a atravessar, incólume, eventuais turbulências que se avizinham.

Essas novas condições organizacionais exigirão uma nova postura dos líderes empresariais e do elenco de lideranças a eles subordinados. Dessa forma o executivo, seja ele líder ou membro de equipes, deverá refinar seus portfólios de competências, tais como: 

Desenvolver uma visão contextual buscando entender as dinâmicas socioeconômicas, tanto nacionais como internacionais, e suas interferências no mercado;
Ter condições de avaliar, de se antecipar e de perceber como tais interferências impactam os negócios no segmento econômico no qual sua organização, parceiros, fornecedores e clientes estão inseridos; 
Entender, identificar e diferenciar quais são as restrições conjunturais e estruturais que afetam, diretamente, os setores de sua organização e considerá-las na elaboração e na proposição dos planos de ação que permitam, na sua realização, aumentos de produtividade e eficiência com, se possível, baixos custos; 
Desenvolver uma visão sistêmica das atividades setoriais de sua organização de forma a considerar os distintos planos de ação de cada setor e interagir positivamente permitindo, também, que cada setor contribua no plano de ação da organização, como um todo; 
Desenvolver, e instituir, métricas de desempenho e fatores críticos de sucesso e disseminá-los entre os demais setores, parceiros e fornecedores; 
Usar amplamente os veículos de comunicação estimulando as redes sociais e fóruns para trocar informações e debater os eventos socioeconômicos na medida que surjam ou evoluam. É uma forma objetiva e acessível de inclusão e interação a todos na organização, permitindo a avaliação do potencial de interferência dos fatores socioeconômicos nas atividades de sua organização, dos parceiros e fornecedores; 
Por intermédio de diálogos constantes entre os setores e com a busca e coleta de informações de qualidade, procurar desenvolver uma visão prospectiva, ponderada e madura, acerca da evolução dos fatos e como eles poderão interferir na capacidade de desempenho de seu setor e dos demais, buscando, por intermédio de acordos e negociações, se antecipar com linhas de ação consistentes e que sejam bem aceitas pelos demais setores de sua organização.

A propósito do desenvolvimento de tais essenciais competências, os líderes principais deverão ter em foco o desenvolvimento de lideranças nos níveis mais baixos da organização estimulando, em todos, a capacidade de entender, interagir e, oportunamente, se antecipar às mudanças e alterações no cenário socioeconômico que, inevitavelmente, surgirão no processo de acomodação dos vários segmentos de nossa economia formal.

Convém procurar estimular o entendimento das variações de alguns fatores socioeconômicos mais próximos do dia a dia da empresa, bem como no do próprio colaborador como cidadão. São eles o saneamento público, a mobilidade urbana, o funcionamento regular dos sistemas de saúde pública, o provimento estável e de qualidade da energia elétrica, das telecomunicações, dos transportes intermunicipais e estaduais, neste particular, considerando as condições das estradas e demais modais de transporte, etc. 

Tais fatores geram significativos impactos ao longo de toda estrutura de gestão pública nas três esferas de atuação, tanto municipal, como estadual ou federal. Haverá impactos, sobretudo financeiros, que estão presentes em variações ou criações de novos tributos. 

Aliados ao desconforto de alagamentos, apagões, greves, etc, os lideres organizacionais deverão mitigar tais interferências nos planos de trabalho e projetos ao longo de toda estrutura interna da organização, fornecedores e parceiros.

De tal cenário decorre a importância de se preparar e conscientizar todo o elenco de colaboradores organizacionais para que se mantenham antenados àquelas mudanças e que, em conjunto, avaliem os eventuais impactos na produtividade e na eficiência dos produtos ou serviços oferecidos pela organização.

O sucesso na sua gestão somente ocorrerá se forem desenvolvidas tais competências de forma integrada e as atividades realizadas de forma integrada entre os setores envolvidos. Tudo com farta e constante comunicação entre os participantes.

Lembre-se que para ter êxito, com alta produtividade e eficiência, é fundamental que todos os demais atores da organização se desenvolvam em condições de igualdade para alcançar o merecido sucesso.

Ressalta-se, portanto, que para os próximos tempos será de fundamental importância nas organizações uma liderança formadora e integradora. 

Pense com carinho e considere uma mudança de postura e Feliz 2016.
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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Placa MÃE



Empreender ou Inovar?!

"Empreender não é, necessariamente, inovar. Em nossa sociedade, nos dias atuais, empreender é entender e ASSUMIR ser necessário avaliar se há capacidade OU NÃO de se inovar. A partir daí, empreender é reestruturar seu setor e sua organização, para enfrentar, com a menor perda de danos possível, os momentos econômicos turbulentos que atravessamos."

Jefferson  Santos



Resiliência



Arrogância



O furo e o caráter!!


O FURO NO BARCO!


Um homem foi chamado para pintar um barco que se encontrava na praia. Trouxe tinta e pincel e começou a pintá-lo de um vermelho brilhante, conforme combinado.

Enquanto pintava, percebeu que a tinta se infiltrava por um furo e deduziu que havia um vazamento. Decidiu consertá-lo. Quando terminou a pintura, recebeu o pagamento pelo serviço e foi embora.

No dia seguinte, o dono do barco foi procurar o pintor e o presenteou com um vultoso cheque. O pintor ficou admirado:

“Você já me pagou pela pintura do barco” – disse.
“Mas isto não é pelo serviço de pintura. É por ter consertado o furo no barco.”
“Foi algo tão pequeno que nem quis cobrar. Certamente, você não está pagando esta grande soma por uma coisa tão insignificante.”

“Meu caro amigo, você não compreendeu. Deixe-me contar o que aconteceu. Quando lhe pedi para pintar o barco, esqueci de contar sobre o furo. Depois que o barco ficou bonito e seco, meus filhos foram pescar. Eu não estava em casa neste momento. Quando voltei e notei que haviam saído com o barco, fiquei desesperado ao me lembrar do furo. Imagine meu alívio e alegria quando os vi retornar sãos e salvos. Então, examinei o barco e constatei que você o havia consertado! Agora compreende o que fez? Salvou a vida de meus filhos! Não tenho o bastante para pagar pela “pequena” coisa boa que você fez…”

O caráter da ação, o caráter do reconhecimento!!
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Vida conectada. Desconectou...



quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O velho relojoeiro




Por Prof Jefferson W Santos MsC

Breves considerações sobre o conhecimento agregado.

Em um subúrbio londrino existia um relojoeiro, já com idade avançada. Trabalhar, para ele, era a razão de sua vida. Ensinar seu ofício era um prazer constante. Poucos, entretanto, tinham a paciência com a qual ele se dedicava aos relógios de todo o tipo. Seus aprendizes não tinham a mesma abnegação e logo desistiam. Ele já havia consertado muitos relógios ao longo de sua vida.

Certa feita, um rico senhor apareceu em sua modesta lojinha. Com desdém, quase sem disfarçar a repugnância por aquele estabelecimento tão diferente das lojas de classe alta que ele freqüentava, abordou o humilde artesão. "Meu caro senhor! Aqui tenho um relógio muito raro. Ele está com um defeito que, até agora, nenhum especialista, nesta ilha ou fora dela, conseguiu descobrir." "O que podes fazer?!" "Quanto tempo levarás para consertá-lo?!"

Sem disfarçar sua descrença naquela, para ele, simplória figura, muito distante de sua casta, o empinado senhor pousou suavemente o relógio na mesa da oficina. Já em retirada exclamou: "Outros especialistas levaram muito tempo com ele e nada consertaram! Espero que não tome muitos dias para descobrir! Cuidado!! É uma peça rara!"

Sem nada dizer o velho calmamente pegou sua lente monocular, buscou em uma caixa de ferramentas uma haste muito fina e longa. Abriu a raridade e detidamente analisou seu interior. Com firmeza, adentrou a ferramenta por trás das engrenagens antigas e robustas. Alcançou uma haste muito delicada, quase invisível. Recolocou-a no lugar e devolveu o relógio para o impávido aristocrata. "Aí o tens funcionando perfeitamente!"

Ainda sem acreditar no que via, o elegante senhor perdeu a rigidez e quase curvando-se em gratidão exclamou: "Como pode?! Tão rápido!!! Quanto custa?" Sem titubear o velho respondeu: "São duas mil libras, caro senhor!" Sem acreditar no que ouvia o petulante cliente exclamou: "Que ultraje!! Tal preço por um trabalho que não durou um minuto!!!"

Sem querelas, o velho tomou delicadamente o relógio do nobre, introduziu a pinça e retirou a haste de seu recanto. Devolveu a relíquia para o espantado homem: "Toma! Vai procurar quem te faça mais barato!"

Essa estória nos ilustra a segurança e a competência geradas pelo conhecimento agregado com trabalho diligente. O valor cobrado recompensava anos de experiência e dedicação, que permitiram ao mestre corrigir tão rapidamente o defeito. Ao colocar o relógio na condição original, ele impôs o devido respeito que sua excelência reclamava... Pois sabia que poucos, ou mesmo ninguém, poderia resolver o problema sem danificar a raridade.

Como toda fábula, essa traduz-nos verdades simples, colhidas de experiências vivenciadas.

Quantos relógios você já consertou em sua carreira?!?! Quais deles eram raridades?!?!

Pense sempre nessa fábula! Procure desenvolver e aplicar a excelência em tudo o que você fizer e a recompensa lhe virá de forma natural e consequente.

Boa sorte!
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Tudo que seu Mestre fizer...fazeremos todos!!

Por Jefferson Santos
Data de Publicação: 03 de Março de 2015

A vida é uma escola. As experiências que adquirimos nos momentos de nosso dia a dia fortalecem os conceitos sobre o que lemos e, eventualmente, discutimos a partir da leitura e reflexão permitidos por bons livros.

Tive sorte de, logo cedo, me atinar para isto. E o hábito de observar e, depois, acudir-me de algum livro muito me ajudou na vida e na carreira.

Das experiências mais singelas, porém marcantes, veio do dito atribuído a Confúcio "Se palavras convencem, o exemplo arrasta"!! Ou algo semelhante que agora não faz diferença.

Era tenente novo, cheio de gás e vontade de interagir com o mundo, quiçá mudá-lo. O cenário era o meio da selva amazônica, cujo local, para minha decepção, não tinha nem índias "iracêmicas" com lábios carnudos e olhos cor de mel, tampouco aves coloridas e frutas despencando de frondosas árvores. Os habitantes, em sua maioria, eram "esmirradinhos". À exceção de alguns filhos de imigrantes da região sul, destoando das peles morenas, mas ainda assim, com as suas curtidas sob o escaldante sol que ao meio dia era muito mais quente que as praias cariocas no verão.

Esquecidos, ou sem dinheiro para voltar ao sul, lá ficaram, nas cercanias de uma irrisória cidade, Pedra Branca, no interior do Amapá AP, e ao sul da Serra do Navio, já totalmente esgotada pela subtração de minério pelos americanos... sempre tão bonzinhos!

Lá cheguei, em uma área descampada, onde havia um resto de acampamento feito por uma grande construtora que abandonara o sítio do que seria o início do último trecho brasileiro da Transamazônica.

Como cheguei na parte da tarde, após receber o "serviço" do colega anterior e estava próximo ao pôr do sol, tampouco nenhuma decolagem seria possível, passei a matar o tempo me aproximando dos nativos de um vilarejo próximo. Claro que a maioria jogava bola, mas um pequeno grupo jogava uma brincadeira que eu adorava em minha infância na Baixada Fluminense: "Seguir o Mestre".

O interessante é que ali as crianças mantiveram um hábito que eu desconhecia. A criança que seria a "carniça" para levar tapas no bumbum usava um tipo de manta. Ele imitava o "Frade distraído" que as crianças surpreendiam.

As ordens jesuítas e franciscanas tiveram uma presença muito intensa na Amazônia desde o reinado de Manoel III. Elas não só catequizavam como ensinavam várias atividades domésticas. Os frades eram presenças essenciais nas pequenas comunidades. Por intermédio deles a Educação se fazia presente, não só no ensino da Bíblia como também do Português, História, Geografia e outras matérias reduzidas para a construção da vida em grupo, da cidadania dos esquecidos das ínvias regiões de um país-colônia.

Tudo o que o "Seu Frade, o Mestre" fazia, era copiado. Sua preocupação com o exemplo de cidadania e religiosidade manteve, ainda que de forma incipiente, um quê de dignidade àqueles remotos e esquecidos cidadãos.

As lembranças e a imagem da brincadeira do Mestre ficaram na mente naquela noite. Ao acordar, como era o segundo mais antigo do acampamento, tomei a inciativa de interagir mais de perto com aquela comunidade.

Estávamos com restrições de diárias e o resultado era uma grave redução de auxiliares e o trabalho não era pouco. Assim, optei "resolver a parade" com os "assets" disponíveis.

Fui confabular com minha "cadeia de valor", meus precedentes: o "Chief" da Manutenção, um Suboficial austero, gaúcho do interior, de descendência alemã e formação luterana. Pelos predicados já dá para se vislumbrar o pouco espaço para "criatividade" e "laissez faire". No meio da selva o que menos precisamos é de inventores e inovadores. Se as cartilhas, normas e "cartões de inspeção" não forem seguidos à risca estávamos fritos, e o lídimo guardião de nossa segurança e certeza do retorno para casa, "andando" (WNC - Walking, not in coffin!), era o Subão, nosso "Master Chief" - nome como continha nos manuais doutrinários do Bell 205, advindos do combate no Vietnam.- Tanto melhor. O rigor e o aprendizado seriam bem consistentes.

Claro está que convencê-lo de minha "inovação" não foi fácil. Apesar de minha ascendência hierárquica, ele sabia se impor. Imagine na estrutura de seu modelo mental e "zona de conforto": Auxiliares de manutenção não só pré e adolescentes como, também, índios e imigrantes que, sequer, conseguiam falar uma frase inteira sem usarmos da "tecla SAP" do agente da Funai lá destacado.

Confesso que quase desisti da ideia quando ele, nervoso e, justificadamente, apreensivo com a ideias do jovem e idealista tenente, começou a replicar em seu mais genuíno dialeto gauchês germânico. Pronto, arrumei uma torre de Babel no meio da Amazônia. Já me via o perfeito Indiana Jones.

Meio ressabiado vendo uma grande sacada voar selva acima, tentei argumentar e refazer meu "projeto", ao embalo de doses de Velho Barreiro. E olha que eu não bebia muito, tampouco cachaça da braba, mas ali, no meio do "nowhere", só mesmo a velha pinga para nos tornar imunes às dolorosas picadas dos mutuns.

Fui salvo pela famosa figura do "Cabo Véio". - Chefe, tá comigo! E realmente, tava.

À noite, durante as rodadas de "sueca" com baralhos já amassados e repletos de marcas "maceteadas" visíveis até pelos anciãos, o Cabo Véio convenceu o Subão. Maravilha, dois dias depois a garotada matuta fazia fila e formatura junto a todos nós para o hasteamento da Bandeira Nacional, no nascer do sol.

Que experiência fenomenal. Pena que não houve qualquer televisão ou repórter. Tampouco a figura dos Assistentes Sociais ou juizados de menores. Além de pouco comuns na época, impossível de estar no meio da selva. Aquilo sim foi exemplo de inclusão social, modéstia bem a parte.

Os brifins foram dados a comando do Cabo Véio tendo como auxiliares dois soldados novos. Por sorte ambos tinham pele morena curtida do sol o que facilitou a aproximação com os jovens aldeões. Assim, as orientações foram passadas, as supervisões eram constantes nos primeiros dias e depois a confiança prevaleceu sob a luz da responsabilidade de cada jovem.

Na ocasião também notei algo de pitoresco: Os imigrantes do sul eram mais sistemáticos que os nativos do norte, mas estes eram mais resistentes às intempéries, pois chovia a cântaros após um dia de calor infernal e não houve qualquer baixa entre os mestiços. Já os do sul...Cada um com sua idiossincrasia, com sua assinatura impressa em seu dna social. Sempre aprendizados.

Nosso acampamento seguiu no melhor modelo de preparação de jovens aprendizes. Eles aprenderam a sistematizar suas tarefas, a priorizar, a reconhecer a dependência do trabalho deles com relação ao anterior e a necessidade de correção, precisão e tempo oportuno para não prejudicar o colega auxiliar no setor próximo. Tudo a céu aberto. Uma oficina no meio da selva tendo o céu por abrigo e testemunha. Tirava peça, registrava. Colocava peça, registrava. Tudo na sequência, tudo limpo e arrumado.

Para minha surpresa, os garotos passaram a admirar e tentar falar igual ao "Subão". Este, por sua vez, estava já de pé antes de todos e só se retirava após todos terminarem seus setores após sua rigorosa supervisão. Para minha agradável surpresa, nenhum garoto teve que refazer qualquer atividade. Aliás, todos no acampamento nos surpreendemos com a dedicação e empenho dos jovens aprendizes.

A mesa improvisada de tonéis de combustível vazios com compensados curtidos e manchados servindo de tampão tinha ordem e limpeza. No meio da selva o Subão deixando sua assinatura. A assinatura da educação que recebera era avidamente copiada por matutos de pele curtida. Foi muito bom presenciar tal maravilhosa experiência. Lembrei das palavras de Confúcio. Quem diria. No meio da selva um show de organização e métodos. Talvez de fazer inveja, claro que guardada as devidas proporções, ao belo e encerado piso do hangar da Helibrás em Itajubá MG.

Se teve algo gratificante logo no início de minha carreira foi presenciar crianças sem qualquer acesso a educação de qualidade, imitando um austero e exemplar militar sob a batuta de um atento e líder servidor "Cabo Véio".

Na última tarde de minha missão dei-me ao luxo de juntar-me, no fim da tarde, a um grupo dos mesmos auxiliares. Eles estavam brincando de "Seu Mestre".

Infelizmente não mais voltei para Pedra Branca AP. Contudo fiquei acompanhando o desenrolar do "projeto". O sucesso da Escolinha do Prof Raimundo na televisão fazia-me lembrar dos jovens aprendizes. Eu havia inovado, sem querer, um projeto de "inclusão social" sem haver, sequer, naquela época, qualquer menção a tal neologismo. A ideia da "Escolinha do Subão" ia bem, de vento em popa, mesmo ele sendo substituído por outros. Contudo sem o seu "tom e toque". Recordava-me ajudando-os na limpeza e manutenção das toscas, mas funcionais, bancadas eficientes e de fazer inveja às similares das escolas técnicas Brasil a fora.

Com o advento do governo Sarney as ONG invadiram a Amazônia a pretexto de "cuidar" dos índios e o projeto RADAM e, no embalo a "Escolinha do Subão", foram descontinuados. Soube da consternação geral que tomou conta daquela pequena cidade.

A tristeza abateu-me ao saber. Entretanto ficou-me a sensação de dever de cidadania cumprido e, agradavelmente, na memória a cantiga que embalava a brincadeira que me fez ter a ideia:

"Bênça que benti é o Fradi... Fradi!! 
Na boca do povo... Povo!! 
Tudo o que o seu Mestre fizer... 
fazeremos todos!!"
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Bússola do GESTOR


Maslow 2015


Quando a pequena Alice arrebatou me coração em Dothan


Por Jefferson Santos
Data de Publicação: 10 de Abril de 2015

Vou lhes contar uma história de amor. Uma paixão que começou quando ainda era solteiro, portanto, segura e sem traumas.

Antes, porém, é necessário se contar como o encontro aconteceu, ainda aqui no Brasil. O início não é alegre tampouco, muito pelo contrário, é trágico.

Uma bela, quente e enluarada noite em Natal RN, estava de missão de Alerta SAR (Busca e Salvamento) para a atividade aérea na Base de Natal. Saí da sala de pilotos para receber a tripulação de outro helicóptero, um Bell 205, antigo, adquirido do patrimônio militar americano após a desmobilização de tropas da Guerra do Vietnam.

A tripulação cansada de um dia exaustivo, cumpria uma missão de instrução, noturna, em vôo de instrumentos para a formação do mais jovem dos pilotos a bordo.

Um papo alegre e descontraído teve lugar enquanto a aeronave era abastecida para, após, retornar ao Recife PE. Concluída esta fase nos despedimos e, pelo avançado da hora, prosseguimos para nosso quarto ao lado da sala de pilotos, na boca da pista de pouso. O motivo era o acionamento noturno intempestivo. Afinal, nossa missão era de Busca e Salvemento, e o sinistro não dorme.

Esgotado logo conciliei em sono sendo acordado na madrugada para decolarmos em busca de nossos amigos que haviam sumido na rota. Três horas depois, próximo ao raiar do dia, estávamos pousados ao lado dos destroços e, no amanhecer, iniciamos os procedimentos. Eu ajudei o médico SAR a separar corpos sem cabeça, para serem ensacados e, no necrotério, os corpos serem totalmente separados, uma vez que dois deles morreram, carbonizados, abraçados: Os dois mecânicos sentados no espaço destinado aos passageiros. Os pilotos não tiveram tal oportunidade por serem separados por um largo painel central e os bancos, à prova de balas, requisito da guerra, mantido por nós.

Apesar de estar de macacão e luvas, o cheiro de meus amigos carbonizados ficou em minha pele por algum tempo, da mesma forma, a marca.

Dias depois fui um dos encarregados de iniciar a investigação daquele acidente, inédito na Força Aérea Brasileira posto ser uma separação do rotor principal do corpo do helicóptero. Durante o resgate o rotor foi encontrado em uma fazenda, semi-intacto, a mais de quatro quilômetros de distância do que sobrou do FAB 8540.

Como um dos investigadores, aprofundei-me na pesquisa e li os manuais, em inglês, da Bell Hellicopter e do USArmy, na íntegra. Tomou-me quase dois meses ininterruptos. Nada de eventos com separação de rotores.

Por sorte, o Exército Americano ofereceu algumas vagas para um curso de investigação de acidentes aeronáuticos em helicópteros (Sim, eles podiam se dar a este luxo.) na Escola de Formação deles, no Fort Rucker, Dothan, Alabama USA. Era a singela e interiorana "Dothan de Alice".

Para se encontrar com minha paixão que nem imaginava vir a conhecer, tive que disputar uma vaga com outros oito oficiais, sendo só eu um "liutenant full" ou para os íntimos, um mero primeiro tenente. Dentre os oito havia dois tenentes-coronéis, um deles secretário particular do Exmo Sr Presidente da República. Imagina-se como entrei na sala de prova ao me deparar com meus competidores.

Bem, ali, no desabrochar da carreira tive a primeira lição de democracia e meritocracia. Apesar da mídia, de uma forma geral, incutir na cabeça da sociedade brasileira horrores sobre a vida em caserna, meus trinta e cinco anos de serviço ativo ensinaram-me tudo o que sei de respeito ao próximo, trabalho em equipe e, sobretudo, meritocracia.

Pois bem, o teste dividiu-se em duas etapas, uma prova no velho e lendário Campo dos Afonsos e a segunda fase, prova escrita e entrevista, no Consulado dos EUA no centro do Rio, ambos em RJ. Ao final, eu, o first lieutenant (insisto porque o aplicador da segunda prova, o Major Bell, ficou incrédulo, enfim...) logrei a maior média das duas etapas.

Voltei para casa preocupado e ressabiado, achando que apesar de ter feito minha parte e ter saído bem na foto, a vaga deveria (e a lógica indicava) ser do secretário do Presidente. Ledo engano, ledo engano.

No primeiro dia útil após o fim de semana, meu comandante me chama em sua pequenina sala e me felicita. Aproveitou para contar o que houve em Brasília, sede de nosso Comando-Geral Operacional. Nosso Comandante-Geral, em reunião, tratando da vaga do curso perguntou:

— Qual é o critério?!?

— A maior média?!

— Quem tirou a maior média?!?!

— O tenente?!?!

— Vai o tenente!! Câmbio!!

— Próximo assunto na pauta!!

E lá fui eu, feliz e lampeiro, para o interior dos States. Para a pequena, porém decente, Dothan, cidade que nunca tinha ouvido falar, tampouco tinha lido nos meus trocentos livrinhos de Faroeste (lá eu descobri que era "Far West") que lia, com avidez, um a cada dia, na minha época de estudante no Pedro II, do Engenho Novo RJ.

A segunda e rica lição que tive foi lá, no quartel. Um centro de instrução de aviação, mundial, em helicópteros. Dali os pilotos saíam, de fato, para o combate. A segunda lição ocorreu durante um dia de inverno inesperado, onde tiritávamos de frio do lado de fora do velho prédio, um coronel full americano, três tenentes-coronéis, dois majores e um bocado de oficiais da reserva ("warrant officer", mas no serviço ativo).

A lição foi constatar que enquanto um velho e barrigudo sargento, chamado de Mr Summers, não concluía a vistoria do prédio, ninguém, absolutamente, ninguém entrava. Somente após ele pendurar na porta, do lado de fora, um formulário de inspeção, repleto de itens com "checks" e sua assinatura com um carimbo em verde dizendo "Cleared" é que entrávamos. Todos sem exceção, de coronéis a tenentes aguardávamos, no frio, a liberação do prédio. Aquilo sim era disciplina intelectual, seguir regras, ser metódico e sistemático. Guardei aquele exemplo e minha bela Alice, na memória e no coração por muito tempo.

Bem, os dias se passaram com aulas detalhadamente exaustivas para todos, afinal, acidente aéreo era investigado às raias das minúcias. E isso o americano sabe fazer muito bem.

Descobríamos, por análises de "cases", vários erros do Fator Humano. Todos tinham origem em, um dado momento que precedia ao acidente, a tripulação ou alguém não ter seguido a regra, o "checklist", o previsto, o "compliance". As instruções eram claras, cristalinas: "Must comply with": Deve se proceder desta forma. Manuais e regras eram levados muito a sério. O "By the book" era quase um mantra, uma religião.

Confesso que todos aqueles casos pululavam minha mente. Eu ainda com os resquícios da surpresa de ter sido priorizado em detrimento de oficiais muito mais antigos. Ainda com o temor de chegar ao quarto do hotel e achar uma correspondência determinando minha volta por decisão superior. E ainda tentando entender o inglês absolutamente caipira e "peculiarizado" de meus simpáticos e amáveis anfitriões.

Eu estava desesperado em meio a todo aquele tumulto, encontrar um referencial que me evidenciasse uma linha básica de raciocínio, algo que me fizesse prosseguir no curso além de decorar fórmulas de física, itens de leis e regulamentos americanos, absolutamente fora de minha vida e idiossincrasia latina usual. Seguir "by the book" no Brasil, mesmo em quartel, só se fôramos Atlantis e Lemurianos...nem pensar.

Até que minhas preces foram ouvidas. Exatamente em um domingo à tarde, quando fui assistir a um culto em uma igreja americana. Era apostólica romana, mas o padre fez um discurso maravilhoso sobre responsabilidade cristã e ética social.

Ao fim, fui visitar os stands de vendas, comuns aos domingos onde famílias inteiras iam às igrejas para, também, se socializar.

O porão da igreja abrigava uma antiga biblioteca pública, então destinada a vendas dos livros como sebo. Lá, procurando um romance leve para ler, algo absolutamente fora de acidentes aeronáuticos e leis que me pudesse enlevar um pouco, pois recusava-me a ficar preso na televisão em minhas horas vagas.

Em um banquinho se equilibrando encontrei Alice. Seu cheiro não era bom, mas não resisti à tentação de tê-la em minhas mãos, absolutamente maravilhado. Passei a mão nela, ainda hipnotizado. Tirei-lhe o pouco de poeira em suas vestes e comecei a lhe explorar. Fiquei fascinado com as figuras, desenhadas à lápis. Ali encontrei a figura com o breve texto abaixo que nunca mais me esqueci. Sua voz tudo tinha a ver com o que vinha, até então, vivenciando. Era a resposta para minhas dúvidas existenciais naquela pitoresca cidade, no interior de um estado que para mim era nome de capa de bolsilivro de bangue-bangue: Alabama.

Ainda extasiado, mas cabreiro por ser visto e constatado naquele canto semi-escuro de um amontoado de livros e bancos espalhados aleatoriamente, em um porão frio de uma igreja. Acho que nem Hitcock poderia imaginar cena tão pouco usual.

Ainda ressabiado, aproximei Alice de meu rosto para sentir aquele agradável aroma de sua pele, sua capa, cheirando a um mofo gostoso e agradável. Não obstante ao preço, irrisórios 99 cents, já havia decidido levar minha jóia rara.

O diálogo e cena que arrebataram meu coração e que, por muitos anos depois, me orientou para o resto da carreira militar, como piloto civil ou líder de projetos organizacionais, vinha de uma pequenina, linda e adorável menina, com a mãozinha na testa , diante de cestos e utensílios jogados ao léu, perguntando ao Mestre Chapeleiro:

— Mestre, por onde devo começar?

Ao que o Mestre, com ar circunspecto e com a mão no queixo, lhe responde:

— Comece do começo, vá até o fim, então pare!!
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terça-feira, 30 de junho de 2015

INOVAÇÃO!! (ou obsolescência programada?!)




Convido os amigos a uma reflexão. Será que em nossa sociedade com o tipo de serviço prestado pelas empresas e com várias e insistentes falhas de infraestrutura e fatores conjunturais e estruturais, pode se pensar em INOVAÇÃO?

INOVAÇÃO pressupõe um serviço novo, inédito. Também por ser inédito pressupõe RISCO, se pressupõe risco equivale dizer que o consumidor deverá trocar o certo pelo duvidoso.

Para se atrair a troca do certo pelo duvidoso, há que se ter garantias. Quais garantias? Como está o pós-venda de produtos e serviços?

Tente cancelar uma assinatura de periódico e verifique as formas únicas, quase impositivas, com as quais a empresa lhe atende ou reembolsa.

Tente renegociar a forma com a qual o seguro de seu automóvel pode prosseguir modificado e verifique, também, as dificuldades que a empresas que lhe promove um produto ou serviço lhe impõe como alternativas, se é que ela lhe dará alguma.

Tente ter regularidade nos caros serviços de internet e televisão por assinatura. Tente prosseguir em um processo de atendimento para correção e, ainda pensando nos que moram fora dos grandes eixos econômicos, veja quanto tempo se leva para se ter um técnico em sua residência, isto depois de sobreviver ao papo forçado com uma atendente eletrônica.

Ao pensar em termos de pós-venda, vamos falar de oficinas autorizadas país a fora. Não pense nas grandes cidades, pense nas cidades mais afastadas em estados fora do eixo-econômico nacional. Verifique a qualidade do espaço físico, verifique a integridade ética da empresa que lhe dará vários argumentos para que se encerre a garantia para que você ou pague pelo conserto ou compre outro produto.

Há uma miríade de exemplos de como o consumidor não é bem tratado em nossa economia formal do dia a dia. Como pode se falar ou pensar em INOVAÇÃO no Brasil se as grandes empresas, sobretudo as de telefonia (há várias outras em nome, tamanho e categoria de serviços), são campeãs seguidas de reclamações dos consumidores junto ao PROCON. Vejamos, anos seguidos registrados no PROCON e seguem, anos seguidos, cometendo os mesmos erros que causam as mesmas reclamações.

Quando você anota o protocolo de atendimento que não lhe satisfez e entre em contato com a agência reguladora responsável (ANEEL, ANATEL, ANAC, ANVISA, etc) veja a forma com a qual você será tratado e o tempo que você leva para registrar suas queixas, ou se preferir, enviar um email a partir da própria página (modismos dos B2C que não funcionam a contento) e veja quanto tempo lhe retornam. Pensemos em dias de semana, porque se for fim de semana ou feriado...

Conforme digo a meus alunos, antes de aplicar os conceitos de livros de sucesso procure ver:
a-) O país onde o autor se debruçou para analisar e escrever sobre o tema. Via de regra é nos EUA onde tudo funciona. Não há problemas de infraestrutura, se você reclamar de um serviço é reembolsado na hora e devolve o produto. Negocia da forma que lhe for conveniente qualquer tipo de serviço e sai da loja ou da empresa com as condições que lhe aprazem;

b-) Ver se as mesmas condições que o autor sugere serem adotadas para se lograr sucesso existem no Brasil e se existirem qual a possibilidade de êxito; e

c-) Feito isto realize uma honesta e madura análise SWOT de seus “assets” e das condições que você em sua organização pode promover e vender a ideia de INOVAÇÃO.

Jamais se esqueça que o seu pós-venda é a chave para sua confiabilidade como profissional e vontade do consumidor procurar, novamente, sua empresa para comprar novamente o mesmo produto ou serviço ou outro, dada a qualidade do atendimento que lhe encantou e não somente o produto em si.

Por fim, um parâmetro para lhe ajudar a colocar os pés bem firmes no chão antes de propor uma inovação que irá envolver todos os setores de sua empresa, parceiros e fornecedores: O país que se produz ideias e livros sobre INOVAÇÃO tem infraestrutura e fatores conjunturais que lhe assessoram e permitem produzir US$ 14 TRILHÕES, enquanto nós com nossas peculiaridades e idiossincrasia apenas produzimos, e com muito esforço sob o peso de uma carga tributária nominal de 38% do PIB, aproximadamente US$ 900  BILHÕES. Reflita nas diferenças e caraterísticas acima e avalie o grau de sucesso de sua inovação.

Costumo dizer a alunos e amigos que o que mais sinto falta é um livro de algum autor que se debruce sobre o Brasil real, aquele cheio de dificuldades onde as sugestões teóricas não funcionam da forma com a qual os autores, que desconhecem nossa realidade, pensam que funcionarão. A enorme quantidade de livros que já li de brasileiros falam com enorme entusiasmo de receitas de sucesso aplicadas para leitores que moram em países onde as coisas funcionam.

Enfim, inovação pode ser, até, a mola mestra do desenvolvimento, mas sinto uma enorme falta das máquinas de lavar, geladeiras e aparelhos de ar-condicionado antigos, confiáveis, duradouros com raras panes, mas que deram lugar a INOVAÇÃO que, para mim, nada mais são do que arautos da obsolescência programada.


Ainda assim, se quiserdes inovar: Pés no chão e boa sorte!!
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