terça-feira, 30 de junho de 2015

INOVAÇÃO!! (ou obsolescência programada?!)




Convido os amigos a uma reflexão. Será que em nossa sociedade com o tipo de serviço prestado pelas empresas e com várias e insistentes falhas de infraestrutura e fatores conjunturais e estruturais, pode se pensar em INOVAÇÃO?

INOVAÇÃO pressupõe um serviço novo, inédito. Também por ser inédito pressupõe RISCO, se pressupõe risco equivale dizer que o consumidor deverá trocar o certo pelo duvidoso.

Para se atrair a troca do certo pelo duvidoso, há que se ter garantias. Quais garantias? Como está o pós-venda de produtos e serviços?

Tente cancelar uma assinatura de periódico e verifique as formas únicas, quase impositivas, com as quais a empresa lhe atende ou reembolsa.

Tente renegociar a forma com a qual o seguro de seu automóvel pode prosseguir modificado e verifique, também, as dificuldades que a empresas que lhe promove um produto ou serviço lhe impõe como alternativas, se é que ela lhe dará alguma.

Tente ter regularidade nos caros serviços de internet e televisão por assinatura. Tente prosseguir em um processo de atendimento para correção e, ainda pensando nos que moram fora dos grandes eixos econômicos, veja quanto tempo se leva para se ter um técnico em sua residência, isto depois de sobreviver ao papo forçado com uma atendente eletrônica.

Ao pensar em termos de pós-venda, vamos falar de oficinas autorizadas país a fora. Não pense nas grandes cidades, pense nas cidades mais afastadas em estados fora do eixo-econômico nacional. Verifique a qualidade do espaço físico, verifique a integridade ética da empresa que lhe dará vários argumentos para que se encerre a garantia para que você ou pague pelo conserto ou compre outro produto.

Há uma miríade de exemplos de como o consumidor não é bem tratado em nossa economia formal do dia a dia. Como pode se falar ou pensar em INOVAÇÃO no Brasil se as grandes empresas, sobretudo as de telefonia (há várias outras em nome, tamanho e categoria de serviços), são campeãs seguidas de reclamações dos consumidores junto ao PROCON. Vejamos, anos seguidos registrados no PROCON e seguem, anos seguidos, cometendo os mesmos erros que causam as mesmas reclamações.

Quando você anota o protocolo de atendimento que não lhe satisfez e entre em contato com a agência reguladora responsável (ANEEL, ANATEL, ANAC, ANVISA, etc) veja a forma com a qual você será tratado e o tempo que você leva para registrar suas queixas, ou se preferir, enviar um email a partir da própria página (modismos dos B2C que não funcionam a contento) e veja quanto tempo lhe retornam. Pensemos em dias de semana, porque se for fim de semana ou feriado...

Conforme digo a meus alunos, antes de aplicar os conceitos de livros de sucesso procure ver:
a-) O país onde o autor se debruçou para analisar e escrever sobre o tema. Via de regra é nos EUA onde tudo funciona. Não há problemas de infraestrutura, se você reclamar de um serviço é reembolsado na hora e devolve o produto. Negocia da forma que lhe for conveniente qualquer tipo de serviço e sai da loja ou da empresa com as condições que lhe aprazem;

b-) Ver se as mesmas condições que o autor sugere serem adotadas para se lograr sucesso existem no Brasil e se existirem qual a possibilidade de êxito; e

c-) Feito isto realize uma honesta e madura análise SWOT de seus “assets” e das condições que você em sua organização pode promover e vender a ideia de INOVAÇÃO.

Jamais se esqueça que o seu pós-venda é a chave para sua confiabilidade como profissional e vontade do consumidor procurar, novamente, sua empresa para comprar novamente o mesmo produto ou serviço ou outro, dada a qualidade do atendimento que lhe encantou e não somente o produto em si.

Por fim, um parâmetro para lhe ajudar a colocar os pés bem firmes no chão antes de propor uma inovação que irá envolver todos os setores de sua empresa, parceiros e fornecedores: O país que se produz ideias e livros sobre INOVAÇÃO tem infraestrutura e fatores conjunturais que lhe assessoram e permitem produzir US$ 14 TRILHÕES, enquanto nós com nossas peculiaridades e idiossincrasia apenas produzimos, e com muito esforço sob o peso de uma carga tributária nominal de 38% do PIB, aproximadamente US$ 900  BILHÕES. Reflita nas diferenças e caraterísticas acima e avalie o grau de sucesso de sua inovação.

Costumo dizer a alunos e amigos que o que mais sinto falta é um livro de algum autor que se debruce sobre o Brasil real, aquele cheio de dificuldades onde as sugestões teóricas não funcionam da forma com a qual os autores, que desconhecem nossa realidade, pensam que funcionarão. A enorme quantidade de livros que já li de brasileiros falam com enorme entusiasmo de receitas de sucesso aplicadas para leitores que moram em países onde as coisas funcionam.

Enfim, inovação pode ser, até, a mola mestra do desenvolvimento, mas sinto uma enorme falta das máquinas de lavar, geladeiras e aparelhos de ar-condicionado antigos, confiáveis, duradouros com raras panes, mas que deram lugar a INOVAÇÃO que, para mim, nada mais são do que arautos da obsolescência programada.


Ainda assim, se quiserdes inovar: Pés no chão e boa sorte!!
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quinta-feira, 4 de junho de 2015

A Fábula dos porcos assados



Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir dai, toda vez que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque... Até que descobriram um novo método.

Mas o que quero contar é o que aconteceu quando tentaram mudar o SISTEMA para implantar um novo. Fazia tempo que as coisas não iam lá muito bem: as vezes, os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus. O processo preocupava muito a todos, porque se o SISTEMA falhava, as perdas ocasionadas eram muito grandes - milhões eram os que se alimentavam de carne assada e também milhões os que se ocupavam com a tarefa de assa-los. Portanto, o SISTEMA simplesmente não podia falhar. Mas, curiosamente, quanto mais crescia a escala do processo, mais parecia falhar e maiores eram as perdas causadas.

Em razão das inúmeras deficiências, aumentavam as queixas. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o SISTEMA. Congressos, seminários e conferencias passaram a ser realizados anualmente para buscar uma solução. Mas parece que não acertavam o melhoramento do mecanismo. Assim, no ano seguinte, repetiam-se os congressos, seminários e conferencias.


As causas do fracasso do SISTEMA, segundo os especialistas, eram atribuídas a indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam, ou a inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar, ou ainda as arvores, excessivamente verdes, ou a umidade da terra ou ao serviço de informações meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e a quantidade das chuvas.

As causas eram, como se vê, difíceis de determinar - na verdade, o sistema para assar porcos era muito complexo. Fora montada uma grande estrutura: maquinário diversificado, indivíduos dedicados exclusivamente a acender o fogo - incendiadores que eram também especializados (incediadores da Zona Norte, da Zona Oeste, etc, incendiadores noturnos e diurnos - com especialização matutina e vespertina - incendiador de verão, de inverno etc). Havia especialista também em ventos - os anemotecnicos. Havia um diretor geral de assamento e alimentação assada, um diretor de técnicas ígneas (com seu Conselho Geral de Assessores), um administrador geral de reflorestamento, uma comissão de treinamento profissional em Porcologia, um instituto superior de cultura e técnicas alimentícias (ISCUTA) e o bureau orientador de reforma igneooperativas.

Havia sido projetada e encontrava-se em plena atividade a formação de bosques e selvas, de acordo com as mais recentes técnicas de implantação - utilizando-se regiões de baixa umidade e onde os ventos não soprariam mais que três horas seguidas.

Eram milhões de pessoas trabalhando na preparação dos bosques, que logo seriam incendiados. Havia especialistas estrangeiros estudando a importação das melhores arvores e sementes, o fogo mais potente etc. Havia grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, alem de mecanismos para deixa-los sair apenas no momento oportuno.

Foram formados professores especializados na construção dessas instalações. Pesquisadores trabalhavam para as universidades para que os professores fossem especializados na construção das instalações para porcos. Fundações apoiavam os pesquisadores que trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construção das instalações para porcos etc.

As soluções que os congressos sugeriam eram, por exemplo, aplicar triangularmente o fogo depois de atingida determinada velocidade do vento, soltar os porcos 15 minutos antes que o incêndio médio da floresta atingisse 47 graus e posicionar ventiladores gigantes em direção oposta a do vento, de forma a direcionar o fogo. Não é preciso dizer que os poucos especialistas estavam de acordo entre si, e que cada um embasava suas idéias em dados e pesquisas específicos.

Um dia, um incendiador categoria AB/SODM-VCH (ou seja, um acendedor de bosques especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão chuvoso) chamado João Bom-Senso resolveu dizer que o problema era muito fácil de ser resolvido - bastava, primeiramente, matar o porco escolhido, limpando e cortando adequadamente o animal, colocando-o então numa armação metálica sobre brasas, até que o efeito do calor - e não as chamas - assasse a carne.

Tendo sido informado sobre as idéias do funcionário, o diretor geral de assamento mandou chamá-lo ao seu gabinete, e depois de ouvi-lo pacientemente, disse-lhe: "Tudo o que o senhor disse esta muito bem, mas não funciona na pratica. O que o senhor faria, por exemplo, com os anemotecnicos, caso viéssemos a aplicar a sua teoria? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores de diversas especialidades?". "Não sei", disse João. "E os especialistas em sementes? Em arvores importadas? E os desenhistas de instalações para porcos, com suas maquinas purificadores automáticas de ar?". "Não sei". "E os anemotecnicos que levaram anos especializando-se no exterior, e cuja formação custou tanto dinheiro ao pais? Vou manda-los limpar porquinhos? E os conferencistas e estudiosos, que ano após ano tem trabalhado no Programa de Reforma e Melhoramentos? Que faço com eles, se a sua solução resolver tudo? Heim?". "Não sei", repetiu João, encabulado. "O senhor percebe, agora, que a sua idéia não vem ao encontro daquilo de que necessitamos? O senhor não vê que se tudo fosse tão simples, nossos especialistas já teriam encontrado a solução ha muito tempo atrás? O senhor, com certeza, compreende que eu não posso simplesmente convocar os anemotecnicos e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar brasinhas, sem chamas! O que o senhor espera que eu faça com os quilômetros e quilômetros de bosques já preparados, cujas arvores não dão frutos e nem tem folhas para dar sombra? Vamos, diga-me?". "Não sei, não, senhor". "Diga-me, nossos três engenheiros em Porcopirotecnia, o senhor não considera que sejam personalidades cientificas do mais extraordinário valor?". "Sim, parece que sim". "Pois então. O simples fato de possuirmos valiosos engenheiros em Porcopirotecnia indica que nosso sistema é muito bom. O que eu faria com indivíduos tão importantes para o pais?" "Não sei". "Viu? O senhor tem que trazer soluções para certos problemas específicos - por exemplo, como melhorar as anemotecnicas atualmente utilizadas, como obter mais rapidamente acendedores de Oeste (nossa maior carência) ou como construir instalações para porcos com mais de sete andares. Temos que melhorar o sistema, e não transforma-lo radicalmente, o senhor, entende? Ao senhor, falta-lhe sensatez!". "Realmente, eu estou perplexo!", respondeu João. "Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia dizendo por ai que pode resolver tudo. O problema é bem mais serio e complexo do que o senhor imagina. Agora, entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa sua idéia - isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. Não por mim, o senhor entende. Eu falo isso para o seu próprio bem, porque eu o compreendo, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode encontrar outro superior menos compreensivo, não é mesmo?".

João Bom-Senso, coitado, não falou mais um "a". Sem despedir-se, meio atordoado, meio assustado com a sua sensação de estar caminhando de cabeça para baixo, saiu de fininho e ninguém nunca mais o viu.

Autor desconhecido ou ignorado

20 conselhos saudáveis das universidades de Harvard e Cambridge


As universidades de Harvard e Cambridge publicaram recentemente um compêndio com 20 conselhos saudáveis para melhorar a qualidade de vida de forma prática e habitual

Dra. Esmeralda Suda

1. um copo de suco de laranja diariamente para aumentar o ferro e repor a vitamina C.

2. salpicar canela no café (mantém baixo o colesterol e estáveis os níveis de açúcar no sangue).

3. trocar o pãozinho tradicional pelo pão integral que tem quase 4 vezes mais fibra , 3 vezes mais zinco e quase 2 vezes mais ferro que tem o pão branco.

4. mastigar os vegetais por mais tempo. Isto aumenta a quantidade de químicos anticancerígenos liberados no corpo. Mastigar libera sinigrina . E quanto menos se cozinham os vegetais , melhor efeito preve nt ivo têm.

5. adotar a regra dos 80%: servir-se menos 20% da comida que ia ingerir evita transtornos gastrintestinais, prolonga a vida e reduz o risco de diabetes e ataques de coração.

6. o futuro está na laranja , que reduz em 30% o risco de câncer de pulmão .

7. fazer refeições coloridas como o arco-íris . Comer uma variedade de vermelho , laranja , amarelo , verde , roxo e branco em frutas e vegetais , cria uma melhor mistura de antioxidantes, vitaminas e minerais .

8. comer pizza . Mas escolha as de massa fininha . O Licopene , um antioxidante dos tomates pode inibir e ainda reverter o crescimento dos tumores ; e ademais é melhor absorvido pelo corpo quando os tomates estão em molhos para massas ou para pizza.

9. limpar sua escova de dentes e trocá-la regularmente . As escovas podem espalhar gripes e resfriados e outros germes. Assim, é recomendado lavá-las com água quente pelo menos quatro vezes à semana (aproveite o banho no chuveiro), sobretudo após doenças quando devem ser mantidas separadas de outras escovas.

10. realizar atividades que estimulem a mente e fortaleçam sua memória... Faça alguns testes ou quebra-cabeças, palavras-cruzadas, aprenda um idioma, alguma habilidade nova... Leia um livro e memorize parágrafos .

11. usar fio dental e não mastigar chicletes . Acreditem ou não, uma pesquisa deu como resultado que as pessoas que mastigam chicletes têm mais possibilidade de sofrer de arteriosclerose , pois tem os vasos sanguíneos mais estreitos, o que pode preceder a um ataque do coração. Usar fio dental pode acrescentar seis anos a sua idade biológica porque remove as bactérias que atacam aos dentes e o corpo .

12. rir . Uma boa gargalhada é um 'mini-workout', um pequeno exercício físico: 100 a 200 gargalhadas equivalem a 10 minutos de corrida. Baixa o estresse e acorda células naturais de defesa e os anticorpos.

13. não descascar com antecipação . Os vegetais ou frutas, sempre frescos, devem ser cortados e descascados na hora em que forem consumidos. Isso aumenta os níveis de nutrientes contra o câncer.

14. ligar para seus parentes/pais de vez em quando. Um estudo da Faculdade de Medicina de Harvard concluiu que 91% das pessoas que não mantém um laço afetivo com seus entes queridos, particularmente com a mãe, desenvolvem alta pressão, alcoolismo ou doenças cardíacas em idade temporã.

15. desfrutar de uma xícara de chá . O chá comum contém menos níveis de antioxidantes que o chá verde, e beber só uma xícara diária desta infusão diminui o risco de doenças coronárias. Cientistas israelenses também concluíram que beber chá aumenta a sobrevida depois de ataques ao coração .

16. ter um animal de estimação . As pessoas que não têm animais domésticos sofrem mais de estresse e visitam o médico regularmente, dizem os cientistas da Cambridge University. Os mascotes fazem você sentir se otimista, relaxado e isso baixa a pressão do sangue. Os cães são os melhores , mas até um peixinho dourados pode causar um bom resultado.

17. colocar tomate ou verdura frescas no sanduíche. Uma porção de tomate por dia baixa o risco de doença coronária em 30% , segundo cientistas da Harvard Medical School.
18. reorganizar a geladeira. As verduras em qualquer lugar de sua geladeira perdem substâncias nutritivas , porque a luz artificial do equipamento destrói os flavonóides que combatem o câncer que todo vegetal tem. Por isso é melhor usar á área reservada a ela, aquela caixa bem embaixo.

19. comer como um passarinho . A semente de girassol e as sementes de sésamo nas saladas e cereais são nutrientes e antioxidantes. E comer nozes entre as refeições reduz o risco de diabetes .

20. e, por último, um mix de pequenas dicas para alongar a vida :
-comer chocolate . Duas barras por semana estendem um ano a vida. O amargo é fonte de ferro, magnésio e potássio .

- pensar positivamente. Pessoas otimistas podem viver até 12 anos mais que os pessimistas , que ademais pegam gripes e resfriados mais facilmente.

- ser sociável. Pessoas com fortes laços sociais ou redes de amigos têm vidas mais saudáveis que as pessoas solitárias ou que só têm contato com a família .

- conhecer a si mesmo . Os verdadeiros crentes e aqueles que priorizam o 'ser' sobre o 'ter' têm 35% de probabilidade de viver mais tempo .

Uma vez incorporados, os conselhos, facilmente tornam-se hábitos...

Assertividade



Dentro da caixa



Bússola do Gestor



Zeus e Atenas



Por Prof Jefferson W Santos MsC

O presente artigo trata de uma fábula expressando a importância do conhecimento e da ação.

Houve um período onde liderei cerca de 120 colaboradores em uma Unidade Aérea, no Recife, com muitos desafios e pouquíssimos recursos financeiros que, quando apareciam, ainda assim eram contingenciados, ou seja, os grandes totais eram creditados em conta a conta-gotas.

O resultado natural para um cenário restritivo era a desmotivação frente às constantes negativas dos escalões superiores por mais recursos e uma substancial sobrecarga de trabalho esticando-se os horários de expediente posto que tínhamos uma importante missão básica A prontidão 24h para busca e salvamento na região nordeste do país.

Dessa forma apelei para o "storytelling" para estimular a contribuição e engajamento dos colaboradores.

Segue, abaixo, uma adaptação de uma das lendas da mitologia grega.

Zeus e Atenas

"Breves considerações acerca da ação e do conhecimento agregado. Idéias sem ação morrem antes de nascer."

A sabedoria dos anciãos gregos era retratada em lendas, que representavam fatos sociais e ensinavam aos cidadãos preciosas lições de vida.

Conta uma das lendas mitológicas que Zeus, senhor do Universo, estava preocupado com o futuro dos homens na Terra, pois eles estavam se afastando de valores básicos de doutrina e cidadania e poderiam, até, perecer frente a um povo belicosamente mais estruturado que viesse dominá-los.

Certa manhã a divindade acordou com uma forte dor de cabeça. Passou o dia sem dela se livrar. A contemplação dos homens na Terra aumentava mais ainda seu martírio. Ao cair da noite, tomou uma espada e em um só golpe abriu a própria cabeça. Dela tirou Atenas (Minerva), a deusa da Guerra, da Ação e das Artes. De imediato, com outro golpe abriu a sua coxa direita e nela guardou a pequenina divindade. Ao amanhecer, retirou a Deusa de seu invólucro, já madura, e a enviou à Terra para liderar os gregos em sua resistência à invasão das colunas romanas.

Desenhei esta interpretação da fábula anos atrás quando chefiei pessoas de grande potencial e talento todavia, bastante dependentes de opiniões superiores para dar consecução às suas idéias.

A presente fábula nos dá uma importante lição: Idéias sem ação morrem antes de nascer.

Atenas era, naquele contexto, uma idéia gerada pela agonia de ver os gregos em completa abulia e ostracismo, amparados em constantes conflitos internos entre as cidades-Estado. A gestação da deusa na coxa, que sustenta o movimento da perna, que faz o homem andar, retrata a ação, o movimento para a frente. A solução do problema para Zeus surgiu da contemplação profunda de um problema. A criatividade foi gerada pelo conhecimento do ambiente analisado.

Há ainda um aspecto importante a ser considerado: O conhecimento. A criatividade, o "estalo" ou o "insight" só surgem quando adquirimos o conhecimento acerca da situação.

O ambiente propício para o surgimento de grandes idéias é o conhecimento agregado, seja ele empírico ou científico.

Não há como termos um "estalo" que nos traga a solução de um problema se não tivermos conhecimento acerca de meandros. Sequer descobriremos a melhor receita de um bolo se não soubermos cozinhar. Ademais é puro palpite.

O conhecimento, com embasamento científico, é o suporte para grandes descobertas.

Portanto, crie condições para que grandes soluções criativas sejam comuns em seu dia-a-dia. Amplie seu auto-desenvolvimento, procure se atualizar que as idéias virão... e como virão.

Acredite!! Mas não se esqueça de ousar e colocá-las, com ponderação e maturidade, em prática, para tanto, não se esqueça de avaliar o contexto e o ambiente nos quais elas reverberarão.
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Teoria das Janelas Partidas


Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Phillip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social.
Deixou duas viaturas abandonadas na via pública, duas viaturas idênticas, DA mesma marca, modelo e até cor.

Uma deixou em Bronx, na altura uma zona pobre e conflituosa de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona Rica e tranquila DA Califórnia.

Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada local.

Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, OS espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram.

Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.

É comum atribuir à pobreza as causas de delito.
Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, (DA direita e DA esquerda).

Contudo, a experiência em questão não terminou aí.

Quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, OS investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto.


O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre. 
Por quê que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso?
Não se trata de pobreza.

Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.

Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai quebrar OS códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como o "vale tudo".

Cada novo ataque que a viatura sofre reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de atos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.

Em experiências posteriores (James Q. Wilson e George Kelling), desenvolveram a 'Teoria das Janelas Partidas', a mesma que de um ponto de vista criminalístico conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e o maltrato são maiores.


Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos OS demais.

Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então Ali se gerará o delito.

Se se cometem 'pequenas faltas' (estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar-se um semáforo vermelho) e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e logo delitos cada vez mais graves.

Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas.

Se OS parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas (que deixa de sair das suas casas por temor a criminalidade) , estes mesmos espaços abandonados pelas pessoas são progressivamente ocupados pelos delinquentes.

A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez em meados DA década de 80 no metrô de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso DA cidade.

Começou-se por combater as pequenas transgressões: graffitis deteriorando o lugar, sujeira das estacões, alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens.

Os resultados foram evidentes.

Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.

Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de 'Tolerância Zero'.

A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência Urbana.

O resultado prático foi uma enorme redução de todos OS índices criminais DA cidade de Nova York.

A expressão 'Tolerância Zero' soa a uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança.

Não se trata de linchar o delinquente, nem da prepotência da polícia, de fato, a respeito dos abusos de autoridade deve também aplicar-se a tolerância zero.

Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito.

Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.

Essa é uma teoria interessante e pode ser comprovada em nossa vida diária, seja
em nosso bairro, na vila ou condominio onde vivemos, não só em cidades grandes.

A tolerância zero colocou Nova York na lista das cidades seguras. 

Esta teoria pode também explicar o que acontece aqui no Brasil com corrupção, impunidade, amoralidade, criminalidade, vandalismo, etc. 

Pense nisso!
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quarta-feira, 3 de junho de 2015

Não estamos prontos para crescer - EXAME em 26 jul 2007



O apagão generalizado na infra-estrutura, além de causar tragédias como a de Congonhas, solapa a competitividade das empresas e inviabiliza o crescimento do país
Por Fabiane Stefano, Marcelo Onaga e Roberta Paduan
EXAME em 26 jul 2007
Ao longo dos últimos anos, os brasileiros têm recebido demonstrações quase diárias de nosso despreparo para crescer -- o desastre de Congonhas representou a última, e mais dramática, evidência dessa situação. Entre as causas do desempenho econômico brasileiro pífio nas últimas duas décadas -- incluindo o atual crescimento abaixo da média mundial, mesmo durante uma das fases mais pujantes da história do capitalismo -- está o nível de investimento quase inexistente na infra-estrutura. Desde os anos 80, o Brasil deixou de construir estradas, ferrovias, aeroportos, usinas, linhas de transmissão, portos, redes de saneamento, hospitais, presídios -- artérias essenciais para a economia e para a sociedade -- num ritmo minimamente compatível com as necessidades da população. É claro que o preço seria cobrado. As artérias, sobrecarregadas, estão obstruídas. É como se a infra-estrutura brasileira estivesse enfartando.
O que levou a infra-estrutura do país ao fundo do poço? Raul Velloso, especialista em finanças públicas que fez carreira na área de planejamento estratégico de governos passados, é categórico: "Falta de investimento, falta de capacidade de gerenciamento dos governos e um viés anti-setor privado". Não é de hoje que o Brasil investe menos que o necessário em infra-estrutura. Isso tem sido uma constante na história, mas a situação se deteriorou gravemente nas últimas duas décadas. "Como o governo não pára de gastar e, ao mesmo tempo, precisa mostrar um orçamento minimamente equilibrado, está sempre sem dinheiro para investir no que importa", afirma Velloso. Na área de transportes, os investimentos da União, que já foram próximos de 2% do PIB em meados dos anos 70, têm se situado em torno de 0,2% do PIB desde o início da década de 90. É patético. E não é nada diante do que outros países vêm fazendo. Entre os emergentes, o Vietnã está investindo por ano 6% de seu PIB em transportes; a China, 4%; e a Índia, 2%. Não estranha que os três mantenham há anos um ritmo de crescimento que é de duas a três vezes acima do brasileiro.
Por aqui, o baixo investimento em infra-estrutura tem comprometido as possibilidades futuras do país. O próprio governo reconhece. A prova mais barulhenta disso foi o lançamento, no final do ano passado, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cuja essência são os investimentos nos setores de base. O PAC, contudo, até agora não saiu do papel. De acordo com estudo realizado pela consultoria MB Associados para a Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib), as áreas de energia elétrica, transportes, petróleo e gás, saneamento e telecomunicações precisariam receber no mínimo 88 bilhões de reais anualmente ao longo de uma década para conseguir sustentar um crescimento econômico modesto, ao redor de 3,5%. Caso o país queira crescer mais, esse número teria de aumentar. A realidade, no entanto, está longe do ideal. A média nos últimos quatro anos ficou em 63% do necessário. Há setores em que o quadro é ainda pior. Nos de saneamento e de transportes, o investimento foi de um terço do mínimo. Somente a área de telecomunicações -- não por coincidência o setor que há uma década foi privatizado -- recebeu as inversões necessárias.
Eis aí mais uma lição que o Brasil, especialmente o atual governo, parece não ter aprendido. "Ainda tem gente que acredita que dá para sair do atoleiro em que praticamente todas as áreas de infra-estrutura foram parar sem o dinheiro privado", diz Paulo Fleury, diretor do centro de estudos em logística do Instituto Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em nenhum setor isso fica tão claro quanto no de energia elétrica. Privatizado pela metade, o setor entrou em pane justamente na parte retida pelo governo -- a geração. O apagão de 2001 foi um dos maiores vexames da história do Brasil. A imposição de um racionamento do consumo revelou a incompetência do governo Fernando Henrique Cardoso em planejar e cuidar de um setor vital. Para desespero dos brasileiros, a lição parece que não foi absorvida -- e o vexame pode ser repetido. Nem o aperto agora na vizinha Argentina, que teve de cortar o fornecimento de energia elétrica para indústrias e o de gás para os táxis, parece surtir efeito nas autoridades brasileiras. Desde 2001, quase nada foi feito.
As previsões para os próximos cinco anos indicam que, se São Pedro não ajudar muito, em 2011 o país poderá enfrentar nova onda de cortes de energia. De acordo com um estudo realizado pela consultoria PSR, considerando um crescimento econômico próximo de 5% ao ano -- a meta perseguida pelo governo --, a probabilidade de ocorrência de um novo apagão é de 28% em 2011. O risco máximo aceitável pelas regras do setor elétrico é 5%. "Infelizmente, a verdade é que ninguém hoje pode garantir que não vai faltar energia", diz Mário Veiga, responsável pelo estudo e uma das maiores autoridades sobre o tema no país. Ainda assim, o governo insiste que está tudo bem. "A situação é de tranqüilidade", afirma Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia. Para ele, as previsões de apagão escondem interesses comerciais: "Há muita gente que torce por um cenário de crise, porque isso faz o preço da energia subir".
O DISCURSO DE TOLMASQUIM LEMBRA o dos representantes do governo nos anos anteriores ao apagão de 2001. Naquela época, ministros e técnicos contrariavam os alertas de especialistas e atribuíam aos mesmos interesses comerciais os avisos de perigo de apagão. Deu no que deu. Uma diferença importante é que, agora, nem sequer há um ministro de Minas e Energia efetivo. Quem ocupa a pasta é o "reserva" Nelson Hubner, que assumiu depois que Silas Rondeau deixou o cargo, acusado de corrupção. Com interesses comerciais ou não, os alertas podem ajudar o país a escapar de um novo racionamento, desde que as medidas sejam tomadas a tempo. "Ainda há soluções para 2011, mas é preciso tomar decisões rapidamente", diz Aloisio Vasconcelos, presidente da fabricante de equipamentos francesa Alstom e presidente da Eletrobrás durante o primeiro mandato do governo Lula. Decisões rápidas, no entanto, não têm sido a marca do governo. Até hoje, passados oito meses desde a saída de Vasconcelos, não foi escolhido um substituto. O governo ainda barganha com o PMDB a indicação de um nome.
Entre os técnicos, sejam eles do governo, independentes ou de empresas privadas, há o consenso de que a situação chegou a esse ponto por falta de planejamento. O mesmo problema de 2001. O governo perdeu dois anos discutindo um novo modelo para o setor e, ao implementá-lo, terminou por enfraquecer as agências reguladoras, desestimular o investimento privado e aumentar as exigências ambientais. Essa perda de tempo no planejamento é representativa. Usinas como as hidrelétricas do rio Madeira e a nuclear Angra 3 devem começar a operar em 2013. Se entrassem em funcionamento dois anos antes, a situação seria bem mais confortável. As soluções, a partir de agora, passam a ser emergenciais. Não dá mais tempo de construir novas hidrelétricas, a fonte mais barata. O gás natural, que poderia abastecer dezenas de termelétricas, está em falta e, pior, depende de outro fator imprevisível: o rumo do governo Evo Morales, na Bolívia. Restam opções mais caras e poluentes.
Qualquer que seja a saída, há uma certeza: a energia vai ficar mais cara, e isso será repassado para todos os setores da economia. A tarifa média de energia elétrica cobrada das indústrias no Brasil já está mais alta que a de Índia, China, Estados Unidos e França. Só perde para a da Alemanha. "Os preços estão subindo 15% ao ano e devem dar mais um salto a partir do ano que vem", diz Domingos Bulus, presidente da White Martins, fabricante de gases industriais. Nesse setor, a energia representa 70% dos custos de produção. "Estamos perdendo competitividade e, no futuro, o país pode perder investimentos", afirma Bulus. A americana Dow, do setor químico, tem interesse em ampliar suas fábricas no Brasil. Mas está insegura em relação ao investimento. "O risco de faltar energia e a alta nos preços não ajudam", diz Antonio Inácio Sousa, diretor comercial de energia da Dow no Brasil. A empresa já estudou recorrer à geração própria, mas desistiu em razão de indefinições no preço e no fornecimento de gás.
A prolongada falta de investimentos fica mais evidente quando se compara a infra-estrutura brasileira à de outros países. Tome como exemplo as ferrovias. Entre os países com grande território, o Brasil apresenta a menor malha ferroviária, com 28 500 quilômetros de extensão. O campeão são os Estados Unidos, com 197 000 quilômetros. A Rússia tem 85 000. Na China, o governo anunciou que até 2020 deverá injetar 200 bilhões de dólares para financiar a construção de 100 000 quilômetros de estrada de ferro. No Brasil, em dez anos, foram incorporados 140 quilômetros à rede já existente -- o mesmo que nada. Até 2010, o governo federal deverá investir 7 bilhões de reais na construção de modestos 2 000 quilômetros de ferrovias.
Risco crescente
Probabilidade de faltar energia nos próximos quatro anos em um cenário de crescimento médio anual do PIB de 4,8%
2008
5%(1)
2009
6,5%
2010
11,5%
2011
28%
(1) Limite máximo aceitável
Fontes: Instituto Acende Brasil e PSR Consultoria
Sem solução do governo para os gargalos da infra-estrutura, as empresas tentam se defender do caos do jeito que podem. "Como operadores logísticos, não recomendamos o transporte aéreo de carga. É melhor ficar mais tempo na estrada do que enfrentar a incerteza dos aeroportos", afirma Giuseppe De Vicenzo, diretor-geral da Ceva Logistics, antiga TNT, que administra 6 000 despachos de carga por mês. Isso significa, por exemplo, gastar 17 dias de caminhão na estrada entre São Paulo e Manaus, percurso que levaria até 72 horas num frete aéreo. Segundo cálculo do Coppead, de 2004 a 2006 as empresas aumentaram em 27% os estoques feitos para compensar atrasos nas entregas de matérias-primas e produtos acabados. Como resultado, as exportadoras têm sua competitividade comprometida. A catarinense Cecrisa arca com custo logístico de 2,05 dólares por metro quadrado no transporte de produtos cerâmicos de sua fábrica até a costa leste dos Estados Unidos. "Nossos concorrentes argentinos, que estão mais longe, gastam só 1,71 dólar para fazer a mesma entrega", afirma Rogério Sampaio, presidente da Cecrisa. "O governo tem de se engajar na nossa cruzada pela competitividade, senão não haverá saída." Sem aprender uma lição como essa, o tão sonhado crescimento será apenas uma questão de vontade do governo.


O monstro e o executivo


Por Stela Campos


 Um executivo truculento e tirano pode parecer bastante determinado aos olhos de sua equipe. Outro mais tímido facilmente pode passar por menos auto-confiante. Mas, o grau de convicção de ambos, se não for bem balanceado, pode determinar o sucesso ou o fracasso em sua escalada para a liderança. E isso está pouco relacionado com sua competência para gerir negócios, seu carisma ou inteligência. 
Pesquisa conduzida pelo professor de administração da Universidade de Columbia, Daniel Ames, junto a 388 executivos, do curso de MBA executivo e "full time", analisou como eles eram percebidos por seus pares. "Vimos que a convicção era a característica de comportamento mais importante, citada tanto nos aspectos positivos como nos negativos da liderança", diz Ames. 

Os chefes competitivos, percebidos como altamente convictos, no geral, exageram na dose. Atropelam os interlocutores. Não ouvem ninguém. "Esta postura costuma trazer bons resultados no curto prazo", explica Ames. Porém, ofende as pessoas, gerando desconforto e desânimo na equipe no longo prazo. 

Os dirigentes comedidos, por sua vez, que não costumam ser vistos como tão determinados, conseguem manter um bom relacionamento com seu time. "No longo prazo, conseguem fazer as pessoas produzirem resultados mais consistentes para a companhia", diz Ames. 

A boa notícia, segundo o professor, é que o feedback pode dar ao líder uma nova consciência sobre seu comportamento. E quem não consegue mudar seu jeito "cabeça-dura" ou exageradamente calado de ser tem sempre a chance de cercar-se de pessoas com características opostas às suas. Daniel Ames recebeu o Valor para uma entrevista, em seu escritório na universidade de Columbia, onde destrinchou alguns aspectos de seu estudo "What breaks a leader: The curvilinear relation between assertiveness and leadership", considerado inovador no campo da liderança. A seguir alguns trechos dela: 

Valor: Afinal, ser convicto é bom ou ruim na percepção dos outros? 
Ames: Não existe uma só percepção. Pessoas são acusadas por serem muito acomodadas até para se defender. Outras são condenadas por serem muito agressivas e detestáveis ao colocar seus pontos de vista. No estudo, vemos que a relação entre convicção e liderança é curvilínea, não linear. Ela não deve ultrapassar um certo ponto para não se transformar em um aspecto negativo. 

Valor: O que determina até que ponto o executivo deve levar suas convicções adiante? 
Ames: Uma coisa que eu friso sempre é: seja modesto em suas convicções. Pessoas que são altamente emotivas devem se manter no meio termo. Essa é a resposta certa. Uma das razões que leva as pessoas a serem vistas como tendo um alto ou baixo grau de convicção é que elas tendem a estar presas nesses dois extremos. Parecem não ser capazes de se ajustar às diferentes situações. Alguém visto como extremamente convicto talvez tenha problemas ao precisar ser menos duro em alguma situação. Não acho que as pessoas tenham que ser sempre moderadas, mas acho que quando a situação pede elas precisam se adaptar. 

Valor: Esse comportamento pode ser treinado? 
Ames: Eu acho que essa é a boa notícia. Algumas pessoas percebem isto como uma fraqueza que pode ser trabalhada. Outras acham que não é possível fazer nada. Eu acho que as pessoas podem aprender como sua convicção é vista pelos outros através do feedback. Pode ser o de 360 graus. Aprender como os outros os enxergam. Elas podem sentir que são mal compreendidas ou interpretadas, mas muitas vezes não sabem o que as pessoas pensam de seu estilo de liderança. Existem coisas razoáveis que as pessoas com um baixo grau de convicção podem fazer para mudar seu comportamento e o jeito como ele afeta os outros. Não dá para para mudar a personalidade inteira, isso não é possível. 

Valor: Entender como as pessoas o enxergam é um começo para essa mudança de comportamento? 
Ames: Alguém altamente convicto, que queira adequar seu comportamento, precisa trabalhar para manter a paixão por suas idéias, sem que os outros sintam que não são ouvidos, que suas opiniões estão sendo desconsideradas. Qualquer um pode melhorar essa habilidade. Não significa mudar a personalidade toda, mas um aspecto específico do comportamento. O mesmo vale para as pessoas que não parecem tão convictas. Elas podem ser estimuladas a começar uma conversa. Existem ferramentas que podem ajudar a solucionar este problema. Eles podem até seguir um script. Não precisam se tornar uns imbecis, mas podem fazer pequenas mudanças para o seu próprio bem. 

Valor: É possível uma pessoa com pouca convicção torna-se líder? 
Ames: De alguma forma, pessoas que têm baixa convicção terão um grande desafio porque parte da liderança significa mobilizar pessoas e recursos para atingir algo. Mas os menos convictos podem ser efetivos como líderes encontrando maneiras de trocar informações de uma forma genuína, estimulando os relatos e os conflitos no time. Você não precisa dominar toda conversa para ser o líder, mas tem que ter habilidade para estabelecer uma dinâmica na organização. O time de pessoas que tem o expertise pode discordar e debater. Você não precisa ser um tirano, mas sim capaz de criar este tipo de dinâmica. Pessoas introvertidas também têm desafios a superar na primeira impressão que causam. Muitas vezes o seu silêncio é entendido como incompetência, arrogância, falta de paixão ou interesse. O resultado de você não falar é que outras pessoas vão concluir suas sentenças. Então uma coisa que os líderes com pouca convicção e habilidade para se comunicar devem fazer é encontrar maneiras de engajar os outros para não serem mal interpretados. 

Valor: Existe algum exemplo de líder com este perfil? 
Ames: Uma análise 360 graus feita pelos subordinados de Michael Dell, mostrou que eles o viam como um chefe distante e fechado. As pessoas estavam frustradas e desapontadas. Consideravam ele uma pessoa difícil. Dell respondeu que era apenas tímido. Não se considerava arrogante ou melhor que os outros. As pessoas interpretavam mal sua timidez. Ele teve que justificar seu comportamento e tentar mudar a forma como era visto. Ser tímido não significa que você não possa ser bem sucedido como um líder, mas enfrentará desafios reais. E um deles é encontrar maneiras de ter certeza que seu silêncio não será mal interpretado. Como Dell, você pode ser auto-confiante, conhecer bem o negócio, saber como trabalhar, mas terá que mudar seu comportamento. 

Valor: Como a maneira de se comunicar influencia os resultados nas organizações? 
Ames: No nosso estudo fazemos a diferenciação entre as conseqüências sociais e instrumentais. As sociais dizem respeito às relações e as impressões que os outros têm de nós. As instrumentais são os projetos, as operações, a lucratividade embutida em nossa performance. Será que eu chego aos termos que quero em uma negociação? Achamos que a convicção é positivamente associada com as conseqüências instrumentais e negativamente associada às sociais. Existe uma zona no meio onde você pode conseguir o melhor dos dois. Quando você muda, de baixa convicção para moderada, existe um grande ganho nas conseqüências instrumentais. Mas quando você muda, de alta convicção para moderada, os ganhos aparecem nas relações sociais. Mas quando você muda, de moderada para baixa convicção, não melhora as relações sociais. Em outras palavras, cada uma dessas coisas é um tipo de curva. E existe uma zona no meio, que nós dizemos ser o caminho certo. É onde você pega o melhor das conseqüências sociais e instrumentais. 

Valor: O resultado nos negócios, o lado instrumental, é sempre o mais visível? 
Ames: Uma das razões pelas quais as pessoas podem ser bem sucedidas é porque as conseqüências instrumentais são mesmo mais visíveis. Você pode avaliar se foi lucrativo, se chegou nos números, entregou resultados. E o custo do lado social algumas vezes fica escondido, demora para aparecer. Você pode ser um chefe difícil, agressivo, tirano, porém capaz de conseguir resultados. No curto prazo, parece que está funcionando mas estará construindo no longo prazo problemas intangíveis. As pessoas não estarão criando com aquele entusiasmo e comprometimento que poderiam trazer mais sucesso lá ma frente. 

Valor: Qual é a melhor postura em situações de conflito? 
Ames: Eu acredito que existem maneiras espertas de ser convicto em um conflito. Se você evita o conflito porque é tímido e se sente aliviado no momento, isso será um problema quando surgir uma crise. Por outro lado, se eu atacar você nesse desentendimento, isto também não significa que eu resolvi o problema. Então existem maneiras mais espertas de enfrentar um conflito. E as pessoas podem iniciar conflitos construtivos quando trabalham juntas, basicamente para resolver um problema. Elas dividem informações e ouvem umas às outras, aprendem e identificam soluções que serão boas para todas as partes. Isto é convicção construtiva. 

Valor: Os líderes mais tiranos sofrem mais para se conter em uma situação assim? 
Ames: Pessoas que são muito convictas se importam em ganhar sempre, e muito pouco com as pessoas. Existem várias maneiras de encarar os conflitos. Nós podemos pensar de maneira diferente e expressar nosso descontentamento. Podemos encontrar uma maneira educada de falar isso. Outro jeito é ser direto. Eu digo que você está completamente errada. Posso imaginar como você reagirá e crio uma expectativa do que pode acontecer. O que estou observando em meus estudos recentes é que a expectativa dos mais convictos é diferente. Algumas pessoas acham perfeitamente sensato gritar com o garçom, quando o serviço no restaurante está ruim. Outras acham isso horrível. Alguém acha que em uma negociação faz todo sentido abrir com uma oferta agressiva. Alguém pode achar isso ofensivo. Uma explicação porque pessoas muito convictas podem ser consideradas imbecis é porque elas não se tocam que seu comportamento ofende os outros. São muito otimistas sobre elas mesmas. Elas não ligam para o feedback. O mesmo acontece com os tímidos e covardes. Eles são muito pessimistas. Se pedem alguma coisa e a pessoa diz não, eles acham que são odiados. Eles têm medo que, se bancarem suas idéias, ninguém gostará mais deles. O feedback pode ajudar nas duas situações. 

Valor: Não é perigoso dar feedback para o chefe? 
Ames: Pode ser perigoso, mas o chefe deve ter o hábito de procurar por ele. Isso não significa que ele deva fazer tudo para agradar a todos. Mas se o seu comportamento parece agressivo para as pessoas, ele deve se empenhar para ajustá-lo. Os tímidos também devem descobrir que não existe problema em ser mais duro em algum momento. Eles não precisam deixar de se importar com sua relação com as pessoas, mas perceber que podem se comportar de uma forma um pouco diferente. 

Inapetência intelectual



Estultice

Considerações sobre a síndrome da "indigência intelectual adquirida".

Lembro-me de uma passagem curiosa na época que comandava uma organização militar em Recife. Fui surpreendido pelo soldado que trabalhava como motorista no esquadrão quando, no trajeto até o prédio principal onde participaria de uma reunião, apresentou-me o caderno de questões de matemática, referente ao concurso de policial rodoviário federal.
Mais do que surpreendido, fiquei assustado ao ler as seis primeiras questões que compunham a primeira página e, após constatar que não conseguiria responder a nenhuma sem um “macete” reparei que todos os quesitos eram compostos por parágrafos dissertativos. O pavor aumentou ao ser alertado que se tratava da prova de matemática. Isto mesmo, prova de matemática onde as seis primeiras questões não tinham um número sequer para ajudar-me no vil artifício do reconhecimento fotográfico das formulas matemáticas, exaustivamente decoradas. 
Divaguei, após jogar a toalha, se estava em franco processo de miolice, encolhimento intelectual (olhem que nem assisto ao big brother para justificar-me...) ou se o ensino de fato mudou.

Como se fosse um complô, sem esperar que eu me recompusesse do vexame, outro militar que o substituiu na escala ao transportar-me para a mesma reunião perguntou-me sobre o que achava da então corrida presidencial. Ele já desconfiava de um candidato com jeitão de coroné das plagas cearenses, apesar de nascido no interior de São Paulo, pois ele achava difícil o mesmo fazer congressistas votarem a favor de reformas. 

Foi demais, devo ter sido por demais transparente em minha perplexidade ao ouvir, de quem jamais esperava, tal comentário certeiro. Com ar de general perdendo uma batalha campal subi as escadas, sem perder a pose, rumo a minha reunião, onde poderia recobrar-me falando de assuntos aos quais não teria condição alguma de mudar nada, mas que as cobranças logo pipocariam... e como!!

Com o avanço dos meios de comunicação, aliado ao barateamento de aparelhos eletro-eletrônicos, fruto do aquecimento da economia, pessoas de renda menor estão tendo acesso a televisores, rádios e até computadores, que com as empresas de acesso grátis à internet, com os site também sem custo, ficam muito próximos das notícias em tempo real e de comentários de estudiosos acerca de muitos eventos sociais. Tentando-se, diga-se de passagem,  abstrair deste total as figuras emergentes, fruto de meteórico sucesso na televisão, que se acham no direito de comentar acerca de tudo e, também apresentadoras com propostas fruto de mente vegeto-intelectualizadas, podemos afirmar que o cidadão está mais perceptivo a nova realidade.

Há que se registrar que o último Censo do IBGE registrou um fenomenal aporte de meios de comunicação (televisão, rádio e jornais impressos de baixo custo) nas residências país afora. Também neste elenco, já temos um total de 160 milhões de celulares em meio a uma população de 190 milhões. Ou seja, o cidadão brasileiro tem todos os meios de se informar com adequação e, até, propriedade.

Deixando-se, momentaneamente, a notória incapacidade de escolher bons políticos e de exercer sua responsabilidade em meio a um ambiente democrático, com Instituições maduras e fáceis de serem acompanhadas, acredito que haja condições de se ampliar o nível de complexidade de produtos e de serviços com alto valor agregado. Ou seja, somos, hoje, capazes de utilizarmos, com eficiência, todos os produtos que venham a impulsionar nossa indústria sem nos obrigar a manter nossa capacidade produtiva o suficiente para atender uma república das bananas.

Conforme sempre alerto, os militares que ingressam nas fileiras da força, bem como os demais servidores públicos, são selecionados em concursos com exigências intelectuais muito superiores àquelas de nosso tempo. Nossa massa crítica é profusa em inteligência, perspicácia e até de lógica imediata. E estão sempre a nos observar.

O raciocínio segue para o brasileiro fora daquelas categorias, pois também os testes de aptidão seletiva para empregos estão exigindo muito conhecimento.

Tal fato remete-nos à percepção de nossa importância como vetores de informação e de conhecimento empírico, de qualidade, para tais platéias que constantemente nos observam. Sob o ponto de vista do subordinado, ou colaborador, nós estamos, em função da posição que desempenhamos, alguns degraus acima na cadeia de conhecimento e intelectualidade. Significa, assim, dizer que temos a obrigação de estarmos, no mínimo, bem informados acerca dos eventos sociais e econômicos, pois qualquer besteira que dissermos será, impiedosamente, motivo de desdém, quando não de chacota, traduzida em charge “dilbertiriana” pelo primeiro caricaturista de plantão comum em qualquer organização.

Precisamos estar constantemente nos atualizando, lendo, ouvindo e conversando com espírito crítico em busca de valor para transformar esta miríade de informações em conhecimento consistente.

Precisamos cobrar mais coerência dos meios de comunicação, bem como mais transparência de nossas Instituições, ao mesmo tempo que notícias de melhor qualidade que nos informe e nos forme como cidadãos. Acredito que tal postura, no fundo, seja um ótimo exemplo de responsabilidade social para conosco e com as gerações que nos sucederão.
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